Para a grande maioria das pessoas, falar em arquitetura sustentável é quase a mesma coisa que falar de projetos e construções novas, plenamente adaptadas aos ideais de sustentabilidade, tão em voga neste início de milênio.

 

Mas os conceitos e a própria arquitetura sustentável não precisam estar restritos às novas construções. Dentre os principais objetivos da Arquitetura Sustentável, está a promoção da interação entre o conforto ambiental e a eficiência energética, bem como pelo uso racional dos recursos naturais. E isto ao longo de todo o ciclo de vida da edificação. O que significa dizer que enquanto a edificação existir, ela deverá continuar a contemplar preocupações com o meio ambiente.

 

Desta forma, podemos entender que mesmo uma edificação construída há muitos anos pode vir a se tornar sustentável, se assim for desejado. Independente de seu uso ser residencial ou comercial. A principal tarefa está em reduzir seu consumo de energia e de água, sem perda da qualidade de seu uso, e em se utilizar materiais e técnicas adequadas aos conceitos de sustentabilidade.

 

Para isto podemos contratar profissionais para a realização de reformas que melhorem a eficiência energética no uso da edificação. Obrigatoriamente, tais reformas devem ser precedidas por algum tipo de diagnóstico das condições da edificação. Posteriormente, deverão se desenvolver propostas que favoreçam a máxima utilização possível de sistemas naturais de ventilação e iluminação, entre outros aspectos.

 

Dentre as ações mais comuns, podemos destacar:

 

Ventilação:

Promoção da ventilação cruzada nos ambientes, localizando janelas e aberturas em posições opostas.

Criação de aberturas para saída do ar quente nas partes altas da edificação.

 

Iluminação:

Uso de aberturas envidraçadas nas partes altas da edificação (nas fachadas voltadas para sul) ou de iluminação zenital.

Uso de janelas e aberturas amplas (nas fachadas sul e leste).

Uso de vidros especiais (com baixa transmissão de calor e alta transmissão de luminosidade), especialmente nas fachadas norte e oeste.

Uso de cores claras no interior das edificações, especialmente nos tetos e forros.

 

Proteção às fachadas mais insoladas:

Constituição de elementos de proteção às fachadas norte e oeste, protegendo paredes e janelas com elementos construídos, como varandas, pergolados, brizes ou por paisagismo.

 

Uso racional da água:

Revisão dos sistemas de abastecimento, para detecção de vazamentos.

Utilização das águas pluviais para regas, lavagens e uso em bacias sanitárias.

Re-uso das águas cinzas (águas de lavatórios, banheiras e chuveiros) para usos menos nobres.

Utilização de equipamentos de redução de consumo, como válvulas de descarga de acionamento duplo ou de caixas acopladas.

 

Redução do consumo de energia elétrica:

Revisão das instalações elétricas.

Uso de equipamentos, luminárias e lâmpadas mais eficientes.

Instalação de equipamentos de condicionamento de ar de forma adequada, preferencialmente em fachadas protegidas da insolação ou orientadas de forma correta (sul).

 

Uso de materiais ecologicamente corretos:

Uso de materiais cuja produção, utilização e descarte causem impactos mínimos no meio ambiente, tais como tijolos ecológicos, fibras naturais, madeiras certificadas, entre outros, e também aqueles produzidos na região onde se constrói, o que diminui os custos, inclusive ambientais, com transporte.

 

 

Giselle Bahiense

Arquiteta (UFF), Especialista em Conforto Ambiental e Eficiência Energética (USP), Professora de Projeto de Edificações (Unimódulo) e Ttitular da Oficina de Criação –Espaços Sustentáveis (Ilhabela).

 

Leonardo Cunha

Arquiteto (UFF), Especialista em Planejamento Ambiental (UFF), Mestre em Ciência Ambiental (USP), Professor de Projeto de Edificações (Unimódulo) e Ttitular da Oficina de Criação – Espaços Sustentáveis (Ilhabela).