Maio é mês de festa em Ilhabela. É nesta data que, todos os anos, é celebrada a bicentenária Congada de Ilhabela, mais tradicional manifestação popular da região, que chegou por aqui a bordo dos navios negreiros, de onde desembarcaram os primeiros escravos para trabalhar em engenhos de cana instalados pelos colonizadores portugueses no arquipélago.

 

Para dar força a esta e outras tradições caiçaras e garantir sua continuidade, em 2001 foi instituída a Semana da Cultura Caiçara, promovida pela prefeitura através da Secretaria Municipal de Turismo. Neste ano, as comemorações aconteceram entre os dias 12 e 18 de maio, e a programação foi aberta pela inauguração da exposição “Almar – um retrato do isolamento”, que mostrou o sensível trabalho do fotógrafo paulista Rodolfo Tucci nas comunidades tradicionais da ilha. Foi realizada também uma exposição fotográfica sobre a Congada, além de apresentações de danças tradicionais caiçaras, encenações teatrais e shows musicais.

 

 

A Congada

 

A Congada de Ilhabela tem mais de duzentos anos de história, e representa a devoção dos caiçaras a São Benedito. Apesar de ser uma espécie de encenação teatral a céu aberto, a comemoração é um ato de fé, e é por isso que todos os congueiros se apresentam apenas nesta ocasião.

 

A festa em homenagem ao santo ocorre sempre no período que os caiçaras chamam de “claro” de maio (época de lua cheia), e consiste na representação, com falas, danças e cantos, de uma desavença entre dois grupos devotos de São Benedito. O primeiro é formado pelos Congos de Cima, que vestem roupas azuis e são os fidalgos do Rei, considerados cristãos. O outro é formado pelos Congos de Baixo (ou Congos do Embaixador), que usam trajes vermelhos e representam os pagãos. Há três ‘bailes’ ao som de atabaques e marimbas de madeira, onde os congueiros travam suas batalhas. A guerra acontece porque os congueiros do Embaixador lutam para que ele, filho bastardo do Rei, conquiste o trono.

 

Toda a encenação se passa na Vila e o início da programação acontece sempre em uma sexta-feira, com o levantamento do Mastro, em frente à Igreja Matriz, seguido pela realização de uma missa em homenagem a São Benedito. No sábado e no domingo acontecem os “bailes de congos” e por volta do meio-dia é realizada Ucharia, palavra que siginifica “despensa da casa real” e designa o lugar onde é servido o almoço dos congueiros e seus convidados.

 

 

Congada Mirim

 

Para incentivar as futuras gerações a dar continuidade à tradição, a Secretaria da Cultura promove a Congada Mirim, encenada por pequenos caiçaras, filhos ou netos de congueiros, que tem a oportunidade de aprender a importância da cultura e da história de seus ancestrais e assumem a responsabilidade de levá-las adiante.

A apresentação dos pequenos congueiros aconteceu após o levantamento do mastro de São Benedito, atividade que marca o início das comemorações da Congada, seguida pela distribuição do Bolo de São Benedito, em frente a Igreja Matriz.