Os primeiros habitantes da Ilha foram os homens pré-históricos que deixaram as marcas de sua passagem em acampamentos temporários à cerca de 2.500 anos. Esses sítios pré-históricos são classificados como “acampamentos conchíferos”.

Depois de algum tempo, viveram os índios tupinambás que usavam a Ilha como refúgio, pescavam em nossas baías e a chamavam de Mayembipe que significa “lugar de troca de prisioneiros e mercadorias”, função que os tupinambás faziam com os tupiniquins no canal de Toque-Toque.

Em 20 de janeiro de 1502, chegou Américo Vespúcio e deu a Ilha o nome do Santo do dia, Ilha de São Sebastião. O corsário inglês do pirata Thomas Cavendish e sua tripulação passou momentos históricos na nossa Ilha, um dos momentos era quando eles se preparavam na baía de castelhanos para atacar as Vilas de Santos e São Vicente.

Em 1608, chega a família de Francisco Escobar Ortiz para dar função à plantação de cana de açúcar, os escravos desembarcavam na baía de Castelhanos, produziam açúcar, aguardente, anil, fumo e farinha de mandioca. Em 1734, a Coroa Portuguesa fundou uma armação de pesca da baleia e a fábrica de extração de óleo, o óleo retirado das baleias era usado na iluminação das casas, na fabricação de sabão, como argamassa para construção e era exportado para o Porto de Santos para atender o mercado das grandes Vilas.

No final do século XVII a região era muita atacada por piratas europeus, então o Capitão Mor da Villa de São Sebastião mandou construir fortificações ao longo do Canal de Toque-Toque, hoje Canal de São Sebastião. Foram construídas oito fortificações na região, sendo uma na parte central da Ilha, onde hoje é a Vila. Essa fortificação é que deu início a Villa, pois ao redor dela formou-se um povoadinho que foi crescendo.

No dia 03 de setembro de 1805 foi elevado à condição de Villa recebendo o nome de Villa Bella da Princeza, em homenagem a Princeza da Beira, irmã de D. Pedro II e filha do rei de Portugal, D. João VI.

Foi Julião de Moura Negrão, o neto que construiu a sede da câmara, o fórum, a cadeia, o pelourinho e restaurou a capela para tornar-se Matriz, eram condições obrigatórias para a elevação à categoria de Villa. Depois de anos deram início às plantações de café, chegaram a existir perto de 225 fazendas e apontavam que cerca de 37% da população eram escravos. Com tanta plantação de café, a terra ficou cansada e com a construção da ferrovia São Paulo-Rio de Janeiro, a atividade litorânea ficou isolada, indo à decadência. Ilhabela passou por tempos difíceis e as canoas de Voga é que faziam o comércio da Ilha com o porto de Santos, levavam de tudo: banana, tonel de pinga, sacos de farinha, feijão, milho, café em grão, peixe seco, muitas qualidades de pássaros.

Em 1920, os japoneses chegaram e introduziram o cerco flutuante que era largado nos mares do Saco do Sombrio, houve as instalações das salgas nas praias do Rabo Azedo, do Pinto, da Armação e do Portinho, ensinaram os caiçaras a colherem limo para a fabricação de doces na cidade de Santos.

Aproximadamente 130 anos depois de nossa Ilha ter conquistado sua autonomia, recebendo o nome de Villa Bella da Princeza, Armando Sales de Oliveira, interventor Federal do Estado de São Paulo, extinguiu a nossa Comarca, tirando-nos a autonomia e a Ilha passou a pertencer à cidade de São Sebastião. Isso aconteceu porque a renda anual do Município era pequena.

Depois de sete meses, restabeleceu-se a nossa autonomia novamente, alegaram dificuldades do bom andamento dos serviços da justiça e da administração pública.

Em 1938, na nova divisão territorial do estado, o interventor Federal no Estado de São Paulo, Adhemar Pereira de Barros, alterou o nome de Villa Bella da Princeza para Vilabela.

Em 1940, o Presidente da República Getulio Vargas decretou que Vilabela passasse a se chamar Formosa. O nome Formosa não agradou a comunidade da nossa Ilha, então depois de quatro anos de luta (1944) os moradores da Ilha conseguiram fazer com que o governo do estado de São Paulo alterasse outra vez o nome da nossa cidade, que passou a se chamar Ilhabela, também criou os distritos de Cambaquara, no sul da ilha, e Paranabí, no saco do Sombrio.

Por fim, o governador Adhemar de Barros, em 1948, alterou o nome de Ilhabela para Estância Balneária de Ilhabela, que é o nome da nossa cidade até hoje.

 

Mudanças de nomes do Município de Ilhabela:

 

1805 – Villa Bella da Princeza

1938 – Villabela

1940 – Formoza

1944 – Ilhabela

1948 – Estância Balneária de Ilhabela

 

 

Aspectos históricos da travessia do canal que liga Ilhabela ao continente

 

Foi em fevereiro de 1958, que se implantou a 1ª linha de Ferry Boat, ligando Ilhabela à cidade de São Sebastião. A balsa que foi utilizada no percurso foi construída no mesmo ano, com autorização do então Governador do Estado, Jânio Quadros.

Construída no estaleiro do D.E.R do Guarujá, com estrutura de madeira e motor de 160HP, a FB1 tinha capacidade para transportar oito carros e realizava a travessia a cada 2 horas.

Em São Sebastião as instalações da travessia ficaram localizadas na bacia do Porto, a 2.400 metros do continente, a Barra Velha, em Ilhabela, era o local mais próximo do continente e tinha como referência o Farol São João, que demarcava o alinhamento do Canal do Porto.

Nessa época, todas as travessias pertenciam a D.E.R 5 (Departamento de Estradas e Rodagem). A FB1 foi construída e inaugurada sobre essa regional, sendo transferida para a D.E.R 6 Taubaté, devido à proximidade, pois na época havia muita dificuldade em trafegar pela estrada do litoral sul para o litoral norte.

Por volta de 1962, o D.E.R criou o Departamento Técnico Naval e todas as travessias voltaram a ser administradas pela D.E.R 5.

Em 1959, com o governo do Estado, Carvalho Pinto autorizou a construção da balsa Ilhabela FB2. Projetada para operar no Canal de São Sebastião, a embarcação foi construída com compotas que evitavam molhar os veículos, tinha altura superior a 1.40 metros de borda livre. Seu casco foi desenhado com hidrodinâmica para dar estabilidade à embarcação. Com quatro motores, tinha capacidade para transportar 18 veículos e realizava o percurso em 15 minutos.

Nessa época, o governo tinha autorizado a construção de duas embarcações, mas, por motivo financeiro, uma não chegou a ser executada. Por falta de infra-estrutura do lado do continente e devido a maior parte da tripulação ser moradora de Ilhabela, as embarcações, após a última viagem, pernoitavam na ilha.

 

Hoje, a travessia é controla pela Dersa e conta com seis balsas (FB 2, FB 12, FB 14, FB 18, FB 20 e FB Valda 2), sendo que há cada meia hora há balsas que transportam carros e pedestres, e durante este intervalo outras balsas se revesam na travessia de carros (nesse caso, o número de balsas varia de acordo com a necessidade).

Vista como vilã por muitas turistas, que no passado chegavam a passar horas na fila esperando para atravessar, a balsa hoje atende aos usuários de forma bastante eficiente tendo, em dias de movimento intenso, espera máxima de 30 minutos (desde que as condições climáticas e marítimas permitam seu trânsito normal).*

 

*Os dados referentes à travessia atual foram fornecidos pela Dersa.

 

 

Histórias e estórias de alguns bairros de Ilhabela

 

Saco da Capela – Um morador antigo do local, Antonio Leite de Santana, o “Seo Tonico”, contava que na frente do que é hoje o Bar do Genésio, existia na casa de Nhá Chiquinha Ramos, uma capela, pois ela era devota de Santo Antonio. A capela, localizada entre a Ponta do Pequeá e a Vila, sempre foi utilizada pelos pescadores com seus sardinheiros e suas redes, como abrigo do mau tempo. Este lugar era um pomar de goiabeiras, pitangueiras e cajueiros.

 

Pequeá – É o nome de uma árvore preferida pelos índios para a confecção de arcos de flechas. Toda região próxima à praia era coberta por pequeás. Este local era onde a família Ramos, descendente de índios, se reunia para dançar o ritual do caiapó, marcando o início do carnaval ilhabelense, dando origem ao primeiro cordão carnavalesco.

 

Perequê – Vem de pira-y-quê, que significa “o rio (y) que peixe que sobe (quê)”, o que pode ser traduzido por manguezal. O nosso pira-y-quê era chamado de mirim pelos tupis, ou seja, manguezal pequeno.

 

Viana – Os agricultores ceramistas estabeleceram uma aldeia em Ilhabela nas proximidades da praia. Em 1976 foi revelada a presença de uma urna funerária indígena que continha ossos de uma criança. Único local até então conhecido da presença indígena.

 

Vila – Local onde foi construído o forte principal, com o objetivo de defender a colônia e garantir a posse das terras conquistadas. Essa fortificação é que deu início à formação dessa comunidade caiçara.

 

Pedra do Sino – Lugar que guarda muitas histórias e lendas. Garapocaia, nome indígena que significa “pedra que toca”, os antigos contam que São Sebastião livrou o povoado de um ataque de piratas na praia da Garapocaia, dizem que quando os piratas abriram fogo contra a Ilha, ouviu-se o soar de sinos e São Sebastião surgiu de trás das pedras lutando bravamente, fazendo os piratas fugirem, por isso que Garapocaia se chama hoje Praia do Sino e todos que visitam essa praia têm a curiosidade de bater com o martelo nas pedras para ouvirem o soar dos sinos.

 

Curral – Na ponta do Ribeirão, no lado direito da praia, estão os destroços do navio “Aymoré”, de origem brasileira que naufragou em 1920 e é um dos preferidos para mergulho.

Do lado sul da praia, no alto do morro está situada a capela de Santa Cruz. Dizem os moradores antigos que a criança que nascesse nas imediações da praia, passaria os três primeiros dias do mês de maio festejando o dia de Santa Cruz e toda as embarcações que por ali passavam paravam por respeito ou devoção, onde rezavam, faziam promessas e continuavam viagem.

 

Feiticeira – Onde se encontra a fazenda São Matias de frente para a praia. Dizem os antigos moradores que a proprietária amealhava imensa riqueza, explorando uma taverna que era ponto de encontro de piratas, marinheiros de navios negreiros e mercantes que ali aportavam em busca de provisões e informações. Um dia, envelhecida e alquebrada, temendo ser saqueada, com auxílio de seus escravos, enterrou seu tesouro no local conhecido por Tocas e matou todos eles com vinho envenenado para evitar que revelassem o segredo. Depois disso ela enlouqueceu e ficou conhecida como a feiticeira.

 

Reino – Esse Reino sempre foi encantado com suas histórias e lendas. Antigamente todo local era coberto de plantas nativas, diversidades de animais, árvores frutíferas e uma enorme plantação de bananas. Nesse Reino está localizada a fazenda da Toca, hoje conhecida como Cachoeira da Toca devido às quedas d’água, tocas, grutas, tobogãs e piscinas naturais, fica no caminho de Castelhanos e é um dos mais famosos pontos turísticos de Ilhabela.

Na fazenda da Toca funcionava o engenho de cana de açúcar e também o cultivo da banana, a caninha tangará produzida na fazenda era exportada para Santos de batelão à vela.

 

Água Branca – Um bairro coberto por cachoeiras, com trilhas a caminho da estrada de Castelhanos. Local completamente preservado pelo Parque Estadual de Ilhabela, com diversidades de animais, plantas e árvores nativas. Nesse bairro está localizada uma das maiores cachoeiras da cidade, a Cachoeira da Água Branca, que no tempo das chuvas tinha suas águas avolumadas, tornando-se visível até no lado do continente. Entre dois braços da cachoeira há um buraco bem fundo onde acreditam morar a Mãe do Ouro, nesse buraco dizem estar enterrado um tacho de ouro usado nos engenhos de açúcar. Todas as noites de luar a Mãe do Ouro senta-se nas pedras para pentear os longos cabelos dourados com um pente de ouro. Os antigos contam que a Mãe do Ouro atrai para o fundo da cachoeira os que se aproximam para roubar-lhe à riqueza, a beleza é tanta em noite enluarada que as pessoas se vêm atraídas pela queda d’água.

 

 

Pacoiba – Vem de Pacoba-ayba, “a àrvore que dá banana ruim”, que não presta, não se come. Via-se muitas bananas de pacoba na praia da pacoiba.

 

Morro do baepi – Baepi vem de Mbaé-pina, que significa “o limpo”, “o calvo”; dando um sentido de morro sem vegetação. Os índios que aqui passavam chamavam aqueles que tinham perdido seus cabelos de Mbaé-pina, dando uma denominação de “careca”.

 

 

Homenagem ao antigo Grupo Escolar de Villa Bella, hoje E.E.DR.Gabriel Ribeiro dos Santos.

 

Em nosso município a primeira instituição educacional foi criada através do Decreto de Oito de Novembro de 1901, com a denominação de Grupo Escolar de Villa Bella, como consta na antiga ata que se encontra hoje guardada na escola. Decreto este assinado pelo Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves, Presidente do Estado e Dr. Bento Pereira Bueno, Secretário do Interior e Justiça. A instalação do Grupo Escolar de Villa Bella ocorreu em vinte e seis de maio de 1902 e se deve ao saudoso Coronel Manoel de Goes Moreira, então Chefe Político da Vila. O Coronel Goes trabalhou muito para conseguir tanto a criação como a instalação desse estabelecimento de ensino, atendido pelo Governo do Estado e pela Comissão Diretora do Partido Republicano Paulista, do qual o Coronel era membro. O encarregado da instalação do Grupo Escolar foi o Professor Henrique Cupertino Botelho em companhia do Inspetor Escolar Professor Lindolpho Francisco de Paula, que deu cabal desempenho à sua missão. Por Decreto de quatro de abril de 1902 foram nomeados os primeiros professores: primeiro Diretor: Antonio Primo Ferreira; Professor Benedito Gaia Sant’Anna; Rosendo Gonçalves Jorge; Paulo Quinteiro da Silva Pinto; Maria Ângela dos Santos Morais; Bernarda Pinto da Ascenção; Maria Antonia de Freitas Oliveira; Amélia Pinto do Valle Moura.

Para porteiro foi nomeado Antonio Joaquim Garcia e para serventes foram contratados Antonio Germano e Antonia Dias d’Oliveira. A primeira escola desse município foi instalada no prédio onde se encontra o Banco Bradesco, defronte a Praça Coronel Julião. Ali permaneceu até o início da década de 50, sendo neste período reformada uma única vez, em 1914.

Nosso Grupo Escolar recebeu três nomes, quando ainda instalado naquele primeiro prédio, os quais foram: Grupo Escolar de Villa Bella, Grupo Escolar de Formosa e Grupo Escolar de Ilhabela.

O primeiro prédio do Grupo Escolar era alugado, isto gerou preocupação na cidade, pois era necessário a instalação de fato da escola. Em 1950, o Prefeito da época, Benedito Carlos de Oliveira, iniciou a construção do prédio e no ano seguinte, após conclusão, foi feita a mudança para a nova escola, que possuía apenas quatro classes.  Neste momento acontece a troca de nomes da escola pela quarta vez, passando para Grupo Escolar Dr. Gabriel Ribeiro dos Santos. Dr. Gabriel foi Deputado Federal de 1923-1924 e Secretário da Agricultura, Indústria, Comércio, Viação e Obras Públicas de 1924-1927. O mesmo auxiliou o Prefeito da época a angariar a verba para construção do novo prédio, sendo então homenageado.

Hoje, a E.E.DR. Gabriel Ribeiro dos Santos dispõe de 11 salas de aula, laboratório, sala de informática, sala de vídeo, biblioteca e mais dependências administrativas e é o coração da cidade de Ilhabela.