Há anos estudo e trato crianças com doenças respiratórias. A mortalidade infantil por infecções respiratórias graves vem diminuindo nas últimas décadas nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. A incidência de mortes por pneumonia diminuiu nos menores de 1 ano, mas ainda é um problema de saúde pública nas classes menos favorecidas. Sabe-se que alguns dos fatores de risco que contribuem para essas mortes são as más condições sócio-econômicas, o desmame precoce e o baixo peso ao nascer.

 

Por outro lado, a asma, conhecida como bronquite, bronquite alérgica ou bronquite asmática, é uma doença não infecciosa, de alta prevalência em diversos países, inclusive no Brasil, e independe das condições sociais da população. É um sério problema de saúde pública, que atinge pessoas de todas as idades, em todo o mundo, e que quando não controlada, causa grandes limitações no dia-a-dia, sofrimento, idas freqüentes aos serviços de emergência, hospitalizações e até a morte.

 

Na criança, a asma prejudica o crescimento, deforma o tórax, leva ao absenteísmo escolar, à má qualidade de vida, ao abuso da medicação de alívio e de corticosteródes orais entre outros agravos.

 

Para medir a dimensão do problema, realizamos na cidade de São Paulo um estudo de prevalência, que mostrou que 14 em 100 crianças têm asma. O nosso estudo também verificou o pouco conhecimento dos pais em relação à doença e ao tratamento que já é mundialmente preconizado em vários países, há mais ou menos duas décadas.

 

Para garantir mais saúde e qualidade de vida às pessoas afetadas pela asma, o tratamento preventivo e a utilização de medicação anti-inflamatória por via inalatória ou medicação preventiva são atualmente consideradas as práticas ideais, mas ainda são pouco difundidas e aplicadas no nosso meio. É preciso, portanto, educar os pacientes e seus responsáveis em relação a essa doença crônica e suas conseqüências, e tratá-la seguindo diretrizes nacionais e internacionais de controle e prevenção.

 

Assim, pretendemos contribuir para melhorar a condição clínica e a qualidade de vida dos pacientes asmáticos, evitar idas ao serviço de emergência e o abuso das medicações de alívio no momento da crise, que só aliviam, mas não tratam a asma.

 

*Dra. Fátima Maria Alves é Pediatra e especialista em Pneumologia Infantil pelas Sociedades Brasileiras de Pediatria, Alergia e Pneumologia, Mestre em Saúde Pública e Doutora em Medicina pela USP, com Estágio em Pneumologia Infantil no Brompton Hospital e King’s College Hospital em Londres. Em Ilhabela, atende na Clínica Aquarela.