O velejador Beto Pandiani finaliza sua preparação para o desafio de cruzar o Atlântico Sul a bordo de um catamarã sem cabine, sem motor e zero de conforto durante 30 dias ininterruptos. A largada para a aventura da Cidade do Cabo, na África do Sul, até Ilhabela, no Brasil, está marcada para 10 de março. Em linha reta são 3.600 milhas náuticas (6.660 quilômetros), mas a viagem se tornará ainda mais longa, já que Betão e seu parceiro Igor Bely precisarão aumentar em 40% o caminho fazendo uma parábola, o que vai dar ao todo 5.000 milhas náuticas (9.260 quilômetros).


“A viagem será bem complicada. Vamos passar por regiões de ventos fortíssimos, principalmente no Cabo da Boa Esperança, conhecido também como das Tormentas. A média de ventos da expedição será de 25 nós. Além disso, a água é muito fria, com muitos tubarões. Esta será a nossa maior permanência a bordo, já que o recorde era de 18 dias direto na Travessia do Pacífico, no final de 2007”, revela Betão Pandiani.


A ideia da travessia do atlântico é fazer o caminho do vento e da corrente, ou seja, usar a natureza a favor. “A nossa saída será bem difícil já que a meteorologia no sul da África é bastante instável. Para amenizar as condições adversas de frio e vento, nós vamos velejar ao norte nos primeiros seis dias. A rota é paralela à costa da África do Sul e da Namíbia. Passaremos na Costa dos Esqueletos que é a porção de terras desérticas desta costa tão inóspita no sul do continente africano”, diz Beto Pandiani. O barco passará por diversos esqueletos de navios que naufragaram e foram parar nas areias do litoral. “Não existe um lugar na África tão mórbido e ao mesmo tempo belo como este”.


O barco, de carbono – Batizado de Picolé, tem 24 pés (oito metros) e é feito todo em carbono para suportar as condições adversas. O catamarã (veleiro de dois cascos) tem 300 quilos a menos do que o do pacífico. O veleiro foi construído na Alemanha pela Eaglecat. O modelo é híbrido, ou seja, não existe outro igual no mundo. “Dificilmente alguém encomenda um barco deste porte para viajar. Normalmente barcos deste tamanho são usados para competição ou laser em águas abrigadas”, conta o velejador.


O barco de Betão Pandiani e Igor Bely foi desenvolvido com base nas experiências das aventuras anteriores. Na prática, o velejador tirou tudo que não funcionou ou quebrou e adaptou para a nova realidade, dando mais segurança a bordo. “Hoje em dia as construções navais para barcos de alta performance esbarram no dilema leveza versus resistência. Vamos saber do resultado no nosso projeto durante a viagem entre Cidade do Cabo e Ilhabela”. A chegada, que deve ocorrer 30 dias após a largada, será na sede da BL3, na Praia da Armação, em Ilhabela, litoral norte de São Paulo.


Duas semanas para patrocinar – A nova aventura está orçada em R$ 500 mil e só o barco custou R$ 150 mil. O velejador adotou uma estratégia pouco usada no mercado esportivo brasileiro para buscar patrocínio: o financiamento coletivo (crowdfunding). A ‘ação entre amigos’ já chegou a 70% e os interessados podem ajudar a expedição fazendo doações.


O valor do financiamento coletivo da rota sem escalas em mar aberto será exclusivamente para cobrir despesas com equipamentos, que incluem GPS, telefones via satélite, dessalinizadores de água, alimentos liofilizados e outros mais. Essa viagem, assim como as cinco anteriores de Beto Pandiani pelos mares do mundo, vai virar um livro. O método é muito comum fora do País e financia bandas, espetáculos teatrais, ensaios fotográficos e expedições.


O principal benefício do crowdfunding é a possibilidade de dar o primeiro “empurrão” necessário, criando uma forte rede de apoio para o projeto. Os investidores tendem a se tornar embaixadores da marca e virando clientes no futuro. Além do financiamento coletivo, Beto Pandiani tem como patrocinadores Semp Toshiba, Mitsubishi e a RedBull. Para contribuir e saber mais entre no
www.opote.com.br


Betão Pandiani e suas aventuras – Desde 1993, velejar deixou de ser um hobby para se tornar profissão na vida de Beto Pandiani. A partir disso o velejador tem colecionado aventuras incríveis e histórias inesquecíveis, enfrentando marés, tempestades e outras adversidades para chegar ao destino final.


Em 1994 Betão organizou sua primeira expedição, que foi chamada de “Entre Trópicos”. Ele zarpou de Miami para a Ilhabela em 289 dias no mar. Em 2000 foi a vez da “Rota Austral”, partindo do Chile, cruzando o Cabo Horn – ponto alto da expedição – até a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, em 170 dias. A “Travessia do Drake”, em 2003, saiu de Ushuaia e cruzou a passagem entre a América do Sul e a Antártica. Foram 45 dias que deram a Beto Pandiani e Duncan Ross, seu parceiro de viagem, o título de primeiros velejadores a chegarem à Península Antártica em um barco sem cabine.


Em 2004 foi a vez de ir da Flórida à Nova Iorque, na regata Atlantic 1000, a mais longa prova para catamarãs do planeta. O resultado foi acima do esperado, um segundo lugar na competição. Já em 2005, na “Rota Boreal”, foram três meses velejando de Nova Iorque até Sisimiut, na Groenlândia, enfrentando as terríveis condições climáticas polares. Entre 2007 e 2008, junto com Igor Bely, Beto Pandiani atravessou o Oceano Pacifico, partindo do Chile e chegando à Austrália. Foram 17 mil quilômetros percorridos, muitas semanas sem ver terra e mais um título: o de primeiros velejadores do mundo a cruzar o Pacífico Sul em um barco sem cabine.


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