Considerado o segundo maior país do mundo em diversidade de aves, o Brasil conta com mais de 1,8 mil espécies catalogadas, perdendo apenas para a Colômbia, que ocupa o primeiro lugar da lista e abriga em seu território cerca de 20% das quase 10 mil espécies existentes no mundo.
Em nosso país, tamanha diversidade tem atraído cada vez mais a atenção de ecoturistas de várias partes do mundo, que caminham por nossas matas com o intuito de avistar, ouvir e fotografar as aves, praticando a modalidade turística conhecida mundialmente como Birdwatching.
Comparado ao imenso potencial das diversas regiões brasileiras, o desenvolvimento da atividade ainda se apresenta de forma tímida, mas seu crescimento pode representar um importante avanço na preservação das espécies e das regiões habitadas por elas, já que se trata de uma prática de baixo impacto, que promove a consciência ambiental e pode ser executada de maneira sustentável.
Em países do hemisfério norte e da Europa, onde a prática é muito mais antiga e intensa, milhões de pessoas se dedicam regularmente à observação de aves, movimentando um mercado que cresce e se desenvolve a cada ano. Só nos Estados Unidos, estima-se que um quarto da população é adepto da atividade.
Pássaros da Mata Atlântica
Formada pelo bioma mais rico em biodiversidade do planeta, a Mata Atlântica abriga uma importante parcela da avifauna brasileira, com mais de 600 espécies catalogadas, das quais cerca de 160 são endêmicas, ou seja, só existem por aqui.
Estas características transformaram parte das cidades que compõem esta faixa em destinos perfeitos para a prática de observação de aves e, de olho neste mercado, algumas delas começam a investir em estrutura e profissionalização para oferecer aos turistas produtos e serviços especialmente voltados ao setor.
Com 85% de seu território formado por uma Área de Proteção Ambiental protegida há 35 anos pela criação do Parque Estadual, Ilhabela concentra em suas matas cerca de 320 espécies de aves, desde pássaros multicoloridos avistados com frequencia nas trilhas e em jardins, como Saíras, Tiês, Tiribas, Saís, Bentevis e diversos tipos de beija-flores, até Tucanos de bico verde, bandos de Papagaio moleiro e Pica-paus. Nas regiões mais afastadas do centro urbano, protegidas pela natureza, vivem ainda algumas espécies ameaçadas de extinção, como o Macuco, a Jacutinga, o Gavião Pega Macaco e o Gavião Pombo pequeno, entre outros.
Conheça a seguir algumas das espécies que vivem por aqui:
(fonte: Guia de Aves Mata Atlântica Paulista | WWF)
Saíra-de-lenço Tangara cyanocephala Red-necked Tanager
Uma das saíras mais bonitas da Mata Atlântica, a saíra-de-lenço vive em matas e capoeiras, e visita jardins, roças abandonadas e pomares vizinhos; a fêmea tem colorido mais pálido do que o macho. Em pares ou grupinhos, percorre as copas, alimentando- se sobretudo de frutos, e também de insetos e aranhas. Procura alimento ativamente, em geral bem no alto das árvores: examina sob os galhos, de cabeça para baixo, em busca de presas. Desce para procurar frutos em moitas. Sabe-se pouco sobre sua reprodução. A fêmea põe três ovos, que choca sozinha por 12 a 13 dias. Ambos os pais alimentam os filhotes, com insetos e frutos.
Particularidades da espécie nas serras do Mar e Paranapiacaba • Comum, é vista inclusive nas sedes de unidades de conservação, em geral em bandos mistos com outras saíras..
Uma festa para os olhos • Assim como o setecores, a saíra-de-lenço pertence ao gênero Tangara, um grupo de pássaros tropicais muito coloridos e vistosos. São extremamente diversificados: existem 22 espécies no Brasil.
Sete-cores Tangara seledon Green-headed Tanager
Habita matas e capoeiras e visita clareiras, roças com árvores isoladas e jardins. Forma grupinhos com até dez integrantes, nos quais os machos adultos destacam-se pelo colorido mais vivo. Come frutos, silvestres e cultivados, e insetos. Frequenta comedouros com frutas. O ninho, muito bem escondido na folhagem, é uma tigela funda e caprichada, feita de ervas, raízes finas e folhas secas. A fêmea põe três ovos, brancos com manchas castanhas. Em muitos locais ainda é numeroso, mas desapareceu de vastas áreas devido à destruição da Mata Atlântica. É perseguido como ave de gaiola.
Particularidades da espécie nas serras do Mar e Paranapiacaba • Comum o ano todo. É visto nas sedes de várias unidades de conservação e ao longo de trilhas e estradas.
Companheiros e convivas • É comum ver o sete-cores associado com outras espécies de saíras, formando bandos mistos que percorrem a mata. Juntas, as aves vasculham a folhagem em busca de alimento, que podem ser insetos ou frutos. Uma de suas companhias mais assíduas é a saíra-de-lenço.
Saí-azul Dacnis cayana Blue Dacnis
O saí-azul vive na borda da mata e em capoeiras e capoeirinhas, e costuma frequentar pomares e jardins nas vizinhanças. Em casais ou em grupinhos familiares, percorre a copa das árvores, descendo até arbustos para se alimentar. Sua dieta variada inclui frutos silvestres e insetos. Também suga néctar, enfiando o bico na base de flores nativas ou cultivadas. Visita bebedouros de beija-flor, onde se agarra às flores de plástico para tomar água. Pode associar-se a outros pássaros comedores de frutos, como saíras e outras espécies de saís, formando bandos mistos.
Particularidades da espécie nas serras do Mar e Paranapiacaba • Comum, é fácil de ver nas sedes das unidades de conservação, em especial em plantas ornamentais floridas, como hibisco, malvavisco e grevílea.
Disfarce cauteloso • Como acontece com várias espécies de aves, só o macho da saíra-azul tem plumagem chamativa, enquanto a fêmea é quase toda verde. O colorido mais discreto é protetor e diminui o risco de detecção por predadores enquanto ela está no ninho, chocando os ovos.
Beija-flor-de-fronte-violeta Thalurania glaucopis Violet-capped Woodnymph
O beija-flor-de-fronte-violeta vive em capoeiras, plantações, jardins e sub-bosques, isto é, na vegetação mais baixa das matas. Só o macho tem a cauda longa e o alto da cabeça azul-metálicos. Visita flores para tomar néctar, tanto em arbustos como em árvores, e também captura insetinhos e aranhas. Na zona rural, pode frequentar garrafinhas de água açucarada. Constrói o ninho sobre um galho ou forquilha, a pouca altura. Possui o formato de tigela bem firme, feita de paina e outros materiais macios, forrada por fora com liquens e escamas de samambaias. A fêmea põe dois ovos brancos, que choca por 15 dias.
Particularidades da espécie nas serras do Mar e Paranapiacaba • Comum, pode alimentar-se em flores de plantas ornamentais nas sedes de algumas unidades de conservação.
Os donos do pedaço • Os machos de inúmeros beija-flores, como o beija-flor-de-fronte-violeta, defendem com vigor as plantas floridas onde tomam néctar. Eles excluem do território outros machos, e também outras aves nectarívoras, mas permitem a presença de fêmeas de sua espécie.
Sanhaço-cinza Thraupis sayaca Sayaca Tanager
Apesar do nome, sob a luz do sol a plumagem do sanhaço-cinza adquire um belo tom azul. Muito ativo, está sempre piando, cantando e voando de um galho a outro e é fácil perceber sua presença. Vive quase em qualquer ambiente, natural ou humano, exceto na mata fechada. Alimenta-se de frutos, insetos, néctar e pétalas de flores. Visita pomares e comedouros para comer frutas, inclusive em áreas urbanas. O casal constrói junto o ninho, uma cestinha bem elaborada, feita com materiais macios como paina e musgos, onde a fêmea põe três ovos. Os filhotes são criados e protegidos pelo casal.
Particularidades da espécie nas serras do Mar e Paranapiacaba • É muito comum, inclusive nas sedes das unidades de conservação, onde visita árvores frutíferas.
O pássaro que planta • Ao comer frutos, o sanhaço-cinza aproveita a polpa e elimina intactas as sementes, muitas vezes longe da planta-mãe. Com isso, promove sua dispersão. Por ser comum em diversos ambientes, é um importante dispersor de sementes no Estado de São Paulo.
Surucuá-variado Trogon surrucura Surucua Trogon
Habita matas, inclusive de araucária, e capoeirões. Visto sozinho ou em casal, é manso e permite a aproximação. A cor da barriga, tanto do macho como da fêmea, varia regionalmente: em São Paulo e no Sul é vermelha, e do Rio de Janeiro para o Norte é alaranjada. Come insetos, aranhas e frutos; regurgita as sementes maiores. O casal escava o ninho em troncos de árvores mortas em decomposição e cupinzeiros. Põe os ovos no fundo do buraco, sem nenhuma forração, e ambos participam da incubação. Os filhotes saem do ninho com 14-15 dias. Na época de cria, o macho canta sem parar, uma série melodiosa de pios aflautados, cada vez mais intensos, que ressoa na mata.
Particularidades da espécie nas serras do Mar e Paranapiacaba • Comum, é visto com frequência em trilhas na mata.
O predador paciente • O surucuá-variado pode passar muito tempo pousado em um galho, dentro da mata, vigiando em volta. Ao detectar um inseto voador, voa de repente, captura-o e volta ao poleiro. Durante a espera fica tão imóvel que, apesar de colorido, é difícil notar sua presença.
Bentevi Pitangus sulphuratus Great Kiskadee
Muito conhecido por ser comum, fácil de ver e bonito, o bentevi é agitado e barulhento. Alimenta-se de insetos e frutos; come também lagartixas, filhotes de aves, restos de comida humana e o que houver disponível. Faz ninho no topo de árvores altas. É uma grande bola de capim, gravetos e raízes finas, que o casal leva quase um mês para construir. Durante o choco dos ovos e a criação dos filhotes, o casal protege o ninho gritando muito e atacando possíveis predadores. O canto característico ben-tivi!, originou o nome popular. Para cantar, pousa em locais expostos, como no alto de árvores ou de postes, chamando a atenção.
Particularidades da espécie nas serras do Mar e Paranapiacaba • Comum, fácil de ver e de ouvir nas sedes de unidades de conservação.
Topando o que pintar • O bentevi, uma das aves mais populares do Brasil, é muito adaptável e vive em praticamente qualquer tipo de ambiente, inclusive criados pelo ser humano. Capaz de mudar seu comportamento para explorar novas situações, muda a dieta e inclui o que estiver disponível.
Tiriba Pyrrhura frontalis Maroon-bellied Parakeet
É fácil reconhecer a tiriba pela mancha avermelhada que tem na barriga. Habitante da mata, vive em bandinhos com até uma dúzia de indivíduos, que voam velozmente em formação cerrada. Podem frequentar pomares e viver em áreas arborizadas nas cidades. Pousa na copa das árvores para comer as sementes de frutos verdes e a polpa de frutos maduros, silvestres ou cultivados, como pinhões de araucária, milho, flores e néctar. Aninha em ocos de árvores. A fêmea põe de cinco a oito ovos, que choca sozinha, por cerca de 25 dias. Mais tarde, o macho participa na alimentação dos filhotes.
Particularidades da espécie nas serras do Mar e Paranapiacaba • É a espécie de periquito mais comum na região, fácil de ver em várias sedes de unidades de conservação.
Cadê? • O bando de tiribas, barulhento ao voar em meio às copas das árvores, parece sumir como por mágica assim que pousa. Como outros periquitos, a tiriba faz um silêncio quase absoluto ao se alimentar, protegida pela camuflagem que a plumagem verde proporciona.
Tucano-de-bico-verde Ramphastos dicolorus Red-breasted Toucan
Este belo tucano vive em pares ou bandos, que percorrem o dossel da mata e aparecem em áreas abertas próximas. Alimenta-se sobretudo de frutos (como da palmeira juçara), e também come filhotes de aves. O casal ocupa ocos de árvores, que muitas vezes amplia, e põe os ovos direto na madeira, sem qualquer forração. Ambos revezam-se para chocar. Pousa no topo de árvores para cantar um “reenh… reenh…” rouco e lento, ouvido de longe. Sua área de ocorrência reduziu-se muito com a destruição da Mata Atlântica. Ainda é caçado pela carne ou perseguido por comer frutos cultivados.
Particularidades da espécie nas serras do Mar e Paranapiacaba • Não é difícil de ver, ao longo de estradas e nas sedes de várias unidades de conservação. Visita palmitais para alimentar-se dos frutos.
As aparências enganam… • Apesar de parecer pesado, o bico do tucano-de-bico-verde é bem leve, com uma estrutura interna porosa como uma esponja, mas muito resistente. Com ele, a ave pode alcançar frutos na ponta de galhos finos, que não aguentariam seu peso.
João-velho Celeus flavescens Blond-crested Woodpecker
O joão-velho é um pica-pau vistoso, habitante de matas e capoeiras, que pode visitar pomares nas vizinhanças. Visto sozinho ou em casal, em geral a alguma altura, ocasionalmente pode descer até mesmo ao chão em busca de alimento. Alimenta-se de insetos, como formigas, larvas, cupins e besouros; sua dieta também inclui frutos. Ingere inteiros os de menor tamanho, como os da caapororoca; bica seguidamente os frutos maiores, como os da embaúba, arrancando pedaços de polpa. Sua biologia reprodutiva é mal conhecida; sabe-se apenas que faz ninho em ocos de árvores.
Particularidades da espécie nas serras do Mar e Paranapiacaba • Comum, é fácil de observar, tanto ao redor das sedes das unidades de conservação como em trilhas e estradas que atravessam a mata.
Cardápio variado • Todas as 50 espécies brasileiras de pica-paus têm o hábito de perfurar madeira ou casca em busca de presas animais. Muitos de nossos pica-paus, entre eles o joão-velho e o benedito, comem também frutos, tanto silvestres como cultivados, e podem dispersar suas sementes.
Macuco Tinamus solitarius Solitary Tinamou (ameaçado de extinção)
O macuco vive em áreas de mata extensa, preferindo o chão das florestas maduras. Hoje em dia está restrito a áreas de relevo mais acidentado, de difícil acesso. Mais ouvido do que visto, dá um assobio melodioso e sonoro, em geral de manhãzinha e no fim da tarde. Às vezes é visto percorrendo trilhas tranquilas. Come sementes, frutos e insetos, que pega no chão da mata. Passa a noite empoleirado em galhos. É solitário na maior parte do ano, mas é visto em casais na época de cria. Raro, devido à pressão da caça e à destruição da floresta, suas populações reduziram-se drasticamente ou desapareceram em áreas desprotegidas.
Particularidades da espécie nas serras do Mar e Paranapiacaba • Pode cantar o ano todo, mas em algumas localidades canta apenas de agosto a janeiro.
Pai exemplar • O macho do macuco cuida sozinho das tarefas da reprodução. No chão da mata, ele constrói o ninho onde a fêmea põe até seis belíssimos ovos azul-turquesa. Além de chocar os ovos, o pai cuida dos filhotes, que deixam o ninho logo que nascem.
Gavião-pega-macaco Spizaetus tyrannus Black Hawk-eagle (ameaçado de extinção)
O imponente gavião-pega-macaco vive em regiões bem florestadas, e no Estado de São Paulo habita sobretudo áreas serranas. Caça nas copas das árvores, predando mamíferos, aves e répteis. Para localizar a presa, sobrevoa a mata ou fica à espreita, pousado em um poleiro. Em voo, dá um assobio fino e penetrante. O ninho é uma grande plataforma de gravetos, feita nas árvores mais altas da mata. O casal cuida junto do filhote por alguns meses. Ainda é comum em matas extensas, mas desapareceu de vastas regiões devido à destruição da floresta.
Particularidades da espécie nas serras do Mar e Paranapiacaba • Avistamento pouco comum e imprevisível, em geral quando sobrevoa a mata.
Poderoso, mas nem tanto • Apesar do nome, o gavião-pega-macaco não caça grandes primatas, embora possa capturar espécies menores, como
saguis e filhotes de macacos de maior porte.
Jacutinga Aburria jacutinga Black-fronted Piping-guan (ameaçado de extinção)
Vive em matas bem preservadas e capoeiras vizinhas, em grupos com até seis aves, caminhando pelos galhos ou dando voos curtos. Alimenta-se de frutos silvestres e insetos. O ninho é feito no alto das árvores. Os filhotes já nascem capazes de seguir os pais por todo lado. Comum no passado, a maior parte de seu ambiente foi desmatada nos últimos séculos e hoje só existe em áreas protegidas. Além do desmatamento, é ameaçada pela caça intensa.
Particularidades da espécie nas serras do Mar e Paranapiacaba • Pode ser vista em palmiteiros, à beira de estradas em unidades de conservação. Os parques Intervales, Carlos Botelho, Turístico do Alto do Ribeira e Ilhabela são os principais redutos da espécie. Na Serra do Mar talvez faça migrações altitudinais, isto é, subindo e descendo a serra, seguindo a frutificação de certas plantas.
À beira da extinção • Alvo predileto dos caçadores por sua carne, a jacutinga é tão mansa que bandos inteiros podem ser dizimados de uma vez. Naturalmente escassa, a sua sobrevivência depende de amplas áreas de mata bem protegida.
Jardim ecológico
A prática conhecida como wildlife gardening tornou-se uma técnica caseira muito utilizada por pessoas que querem apreciar a beleza dos pássaros sem sair de casa, e consiste em atrair as aves para quintais e jardins oferecendo alimento e água através da instalação de comedouros e bebedouros. Embora alguns especialistas questionem a interferência desta prática no habitat natural das espécies, não se chegou a nenhum resultado conclusivo sobre qualquer dano gerado por ela e o próprio Centro Brasileiro de Estudos Ornitológicos ensina em sua página na Internet (www.ceo.org.br) como montar um Jardim Ecológico. Veja algumas dicas:
Oferecendo alimentos – de acordo com as características de seu jardim e tamanho do espaço disponível, instale comedouros, que podem ser desde casinhas de madeira artesanais, compradas em lojas especializadas, até bandejas sobre estacas ou telhas de barro penduradas no galho de uma árvore. Use sua criatividade! Nelas, você pode oferecer grãos, como quirela de milho, de arroz, alpiste, painço, semente de girassol, misturas e rações para aves ou frutas: mamão, banana, laranja, goiaba e abacate estão entre as preferidas. Ao observar o que cada pássaro come você começará a conhecer melhor as preferências de cada espécie.
Para evitar que os alimentos atraiam animais e insetos indesejados, mantenha sempre os comedouros limpos e, ao final do dia, recolha as sobras.
Água – os tradicionais bebedouros com água açucarada para beija-flores também podem ser instalados no jardim para atraí-los, mas sempre que possível, é importante manter também espécies de flores e plantas que possam oferecer o néctar, que é a base de sua alimentação e não pode ser substituído pela água. A concentração de açúcar indicada é de 20% (uma parte de açúcar para quatro de água) e não se deve acrescentar nenhum outro ingrediente à mistura. O bebedouro deve ser lavado com água e sabão todos os dias e ao final da tarde deve ser retirado do jardim para evitar a atração de morcegos.
Além da água açucarada, você também pode oferecer água fresca às outras espécies, em fontes, pequenos lagos ou simples bacias de barro onde as aves possam beber e se banhar. Neste caso, é extremamente importante tomar todos os cuidados necessários para evitar o mosquito da dengue, mantendo recipientes sempre limpos e trocando a água com frequencia. Se não tiver condições de adotar estas medidas, o ideal é descartar a oferta de água e concentrar-se apenas nos alimentos.
Se você tem espaço, outra excelente maneira de atrair aves é plantar em seu terreno árvores frutíferas e flores que ofereçam néctar.
Evite acidentes – um dos acidentes mais comuns em locais onde são implantados jardins ecológicos é a colisão com vidraças. Para evitar que isso aconteça em sua casa, basta colar nos vidros imagens de predadores naturais de pássaros, como os falcões. Ao ver estas imagens, as aves instintivamente mudam sua rota. No site do Centro de Estudos Ornitológicos há imagens de falcões disponíveis para download. É só imprimir, recortar e colar.
Olha o passarinho!
Se você já pratica a observação de aves e quer conhecer novas ou espécies ou pretender iniciar a atividade, Ilhabela oferece diversas trilhas e conta com monitores e guias especializados, aptos a conduzir os passeios, orientar os turistas e identificar as diferentes espécies.
Para fomentar a prática e dar início à estruturação da atividade na região, no ano passado o Parque Estadual, em parceria com a Secretaria de Turismo de Ilhabela, promoveu um curso com o objetivo de formar, na comunidade, monitores para trabalhar nas trilhas de Ilhabela. Além da formação básica, o treinamento teve módulos voltados a interesses específicos, como a observação de aves, onde os participantes puderam aprender sobre a atividade em oficinas ministradas por ornitólogos renomados.
Ao final de curso, um grupo que reuniu onze dos participantes deu origem a Central Ecoturismo Ilhabela, uma associação de monitores de ecoturismo que oferece passeios guiados pelas trilhas do arquipélago e tem profissionais especializados no turismo de observação de pássaros.
O grupo é composto pelos monitores Aline Cruz, Fabrício Yanes, Guido Botto, João Felipe Maldonado, Lucas Silva, Marcelo Dutra, Maria da Penha, Marina Morales, Ralph Alberghini, Vilma de Oliveira e Wagner Gomes.
De acordo com Ralph Alberghini, a vantagem de percorrer as trilhas com um guia especializado é a possibilidade de identificação das espécies tanto visualmente quanto através do som. “Em um passeio guiado é possível avistar de 30 a 40 espécies”, afirma.
Para Marcelo Dutra, que desde 2006 se dedica ao registro e estudo dos pássaros de Ilhabela e está acostumado a acompanhar grupos de birdwatchers estrangeiros, fotógrafos profissionais e pesquisadores, a ilha tem ainda o diferencial de manter aves com características comportamentais distintas em relação a espécies iguais que vivem no continente. “Graças ao isolamento geográfico ao longo de milhões de anos, algumas espécies adquiriram comportamentos singulares, só observados por aqui”, conta.
Já para Fabrício Yanes, a profissionalização do setor é fundamental para desenvolver a atividade de maneira responsável, preservando a natureza e respeitando as espécies e seu habitat. “Estamos desenvolvendo produtos específicos para observadores de pássaros, capazes de atender desde os iniciantes, que em um final de semana podem observar em média 100 espécies diferentes, até birdwatchers experientes, que muitas vezes vêm em busca de espécies raras e específicas”, explica.
Mais informações e contratação de guias no site: www.ecoturismoilhabela.com.br