Rio de Janeiro (RJ) – A Volvo Ocean Race deixa o Rio de Janeiro neste domingo, depois de 22 dias de celebração da vela. Neste período, a cidade foi o centro do esporte no mundo, abrigando os barcos mais rápidos e alguns dos melhores velejadores do planeta. Mais de 170 mil pessoas visitaram a vila da regata, montada na Marina da Glória. A parada foi uma das mais elogiadas pelos velejadores.


A largada, marcada para 13h10, terá transmissão ao vivo pelo SporTV durante 45 minutos. Os barcos partem de uma linha imaginária em frente à Escola Naval, contornam a Ilha da Laje pela esquerda, seguindo pela praia de Copacabana até uma bóia montada na ponta do Arpoador. A partir daí, os veleiros estarão livres para seguir a Fernando de Noronha, portão pontuação da etapa, e para a chegada em Baltimore, nos EUA.

 

No centro desse espetáculo, o Brasil 1, o primeiro time brasileiro a disputar a mais importante regata de volta ao mundo, provou que a popularidade do esporte nunca esteve tão grande. “A vela nunca viu algo assim, com tantas pessoas acompanhando uma competição e tanta gente torcendo. Cada participante desse projeto, dentro e fora da água, faz parte desse fenômeno. A vela está vivendo uma vida completamente diferente, justamente por causa do Brasil 1”, comemora o bicampeão olímpico Marcelo Ferreira.


O comandante Torben Grael sentiu na pele esse novo momento. Ele foi a pessoa mais assediada de toda a Volvo nas últimas semanas, deu milhares de autógrafos e tirou centenas de fotos. “A força dos torcedores é um estímulo a mais. Não só agora, mas desde que o projeto começou, sentimos esse incentivo do público. Todo o tipo de manifestação de apoio é recebida com alegria”, comemora.


A quinta etapa sai do Rio de Janeiro e vai até Baltimore, nos Estados Unidos. Serão 5000 milhas náuticas (cerca de 9250 km) em que os competidores enfrentarão muito calor, ventos fracos e decisões difíceis. A etapa conta com um portão de pontuação em Fernando de Noronha e o desafio de cruzar os Doldrums, as temidas calmarias equatoriais.


“Vai ser muito mais quente do que nas últimas pernas e isso é um ponto a nosso favor. Os ventos serão moderados e, até Fernando de Noronha, teremos de monitorar os Pirajás, como são chamadas essas chuvas repentinas no Nordeste. Depois de passarmos do Equador, vamos enfrentar boas condições de navegação”, explica Torben.


O navegador holandês Marcel van Triest prevê uma perna tática. “Se fossemos até a Flórida, como nas últimas edições da regata, seria fácil traçar uma rota. Mas até Baltimore, temos algumas opções e podemos cair em áreas de calmarias, não só no Equador, mas também mais ao norte”, analisa o veterano de cinco voltas ao mundo.


Para aliviar um pouco essa tensão, o Brasil 1 conta com uma arma secreta: a comida. Enquanto os outros times encheram suas despensas com comida desidratada, os tripulantes brasileiros colocaram também pacotes de macarrão e latas de atum, além de muitas barras de chocolate. “O pessoal reclama demais da comida desidratada e todo mundo gosta de cozinhar. Por isso, colocamos macarrão em alguns dias para dar uma quebrada. Sempre que as condições do mar ajudarem, alguém vai para a cozinha e prepara o macarrão. Muito mais do que comer bem, essa quebra na rotina melhora o humor de todo mundo”, conta o timoneiro João Signorini.


O neozelandês Stuart Wilson, com três voltas ao mundo na bagagem, concorda com o companheiro. “Todas as outras vezes que fiz essa prova, só comia comida desidratada. Agora, temos comida de verdade, macarrão e atum, e o bom humor do time”, brinca.


Resultado histórico para a vela – A parada do Rio de Janeiro vai ficar na história da vela nacional. Durante 26 dias de funcionamento, a bela área montada na Marina da Glória recebeu cerca de 170 mil pessoas, que puderam acompanhar o trabalho das equipes de terra e tripulações nos veleiros mais rápidos e sofisticados da atualidade.


A organização do evento credenciou 180 jornalistas de 16 países, o que representa quase a metade dos profissionais de imprensa que foram credenciados nos cinco países que a regata percorreu até agora, 380 no total.

 

Durante este período, os resultados de mídia, no Brasil, também foram excepcionais. A estimativa é de que o retorno ultrapasse 40 milhões de reais, somadas todas as mídias (impressa, eletrônica e internet). Foram 30 horas de matérias e reportagens em televisões nacionais, sendo seis horas em redes abertas de tvs, sem contar outro aspecto histórico, a transmissão ao vivo da regata local (três horas) e os primeiros 45 minutos, também ao vivo, da largada do domingo.


Após a regata local do Rio de Janeiro, no sábado, a classificação da Volvo ficou assim: 1- ABN Amro One/HOL, 52,5 pontos; 2- ABN Amro Two/HOL, 36,5; 3 – Piratas do Caribe/EUA, 31,5; 4- movistar/ESP, 31; 5- Brasil 1/BRA, 28,5; 6- Ericsson/SUE, 23,5; e 7- Brunel, 11,5 pontos.


O Brasil 1 é patrocinado por VIVO, Motorola, QUALCOMM, HSBC, Embraer, ThyssenKrupp, NIVEA Sun, Ágora Senior Corretora de Valores e Governo Brasileiro através da Apex (Agência de Promoção das Exportações do Brasil), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ministério do Turismo e Ministério dos Esportes e apoio especial da Varig.