Rio de Janeiro (RJ) – O Brasil 1 chega nesta quinta-feira a 100 dias da largada da Volvo Ocean Race, a mais tradicional regata de volta ao mundo. O primeiro barco brasileiro a disputar a competição já mostrou que é potente na água. A tripulação, treinando junta desde o início de junho, agradou ao comandante Torben Grael. Agora, todos se preparam para a travessia transatlântica, marcada para começar no dia 13 de agosto. “Nós estabelecemos algumas metas ambiciosas, como a data de saída do estaleiro e o dia para entrar na água. Tudo aconteceu muito rápido e, o melhor, com muita qualidade. Fomos ousados, mas sem essa ousadia seríamos um time comum”, afirma o diretor do projeto, Alan Adler, ex-campeão mundial da classe Star. Na última semana, o veleiro de 70 pés, o primeiro da classe feito na América Latina, passou por uma revisão geral. Foram ajustes normais na quilha, passando pelo leme, até a ponta do mastro. “Após a primeira velejada, sentimos como é o barco. E a partir daí fizemos adaptações para melhorar o nosso desempenho”, explica Marcelo Ferreira, um dos reguladores de vela da tripulação e bicampeão olímpico da classe Star, ao lado do comandante Torben. Nesse período de ajustes, tripulação e equipe de terra, encarregada da manutenção, trabalham juntos. Os brasileiros Joca Signorini e Kiko Pellicano e o neozelandês Andy Meiklejohn, por exemplo, sobem ao barco assim que chegam à Marina da Glória, após duas horas e meia de treinos físicos. “Nosso barco foi o terceiro a ir para a água. Na nossa frente, são apenas duas equipes e é para tirar essa vantagem que estamos trabalhando tão intensamente”, diz Pellicano, outro medalhista olímpico da equipe. Ao lado do irmão de Torben, Lars Grael, ele foi bronze na classe Tornado em Atlanta-1996. Nem mesmo os tripulantes que não estão no Rio de Janeiro ganharam folga. André Fonseca e Stuart Wilson estão há uma semana em Ilhabela, na veleria da North Sails, fornecedor do Brasil 1, ajustando as velas que serão usadas na volta ao mundo. “São detalhes que podem virar vantagem na regata”, avisa Wilson. “O Stu é um dos mais experientes do time, já deu várias voltas ao mundo. Então, sabe exatamente em que partes da vela temos de ter um reforço, onde podemos ganhar alguma coisa”, completa Fonseca. Toda a equipe já começa a se preparar para a primeira travessia transatlântica do Brasil 1, em duas semanas. A tripulação levará o veleiro para Portugal, em uma viagem de cerca de 20 dias. “Estamos muito satisfeitos com o barco e é bom que os primeiros ajustes já tenham sido feitos antes da travessia. Hoje, o nosso principal objetivo é trabalhar no ajuste das velas e manter o Brasil 1 como um veleiro extremamente confiável”, fala Alan Adler. Marcelo Ferreira, que será o cozinheiro do time, já está testando os alimentos que irá levar na travessia. Atualmente, o time trabalha com três fornecedores de comida desidratada. Para preparar um prato, ele ferve um pouco de água, coloca a porção escolhida e espera pela hidratação. “Em terra, esse processo é fácil. No mar, com água dessalinizada, é que vamos ver se é bom mesmo”. A análise dos adversários também é um assunto muito discutido na base do Brasil 1, na Marina da Glória. Até agora, apenas quatro barcos já começaram a velejar. O primeiro foi um dos veleiros do time holandês ABN Amro, lançado em fevereiro. O segundo foi o espanhol Movistar, que foi ao mar em março e já quebrou o recorde de velocidade de monocascos, percorrendo mais de 980 km em 24 horas. O projetista do veleiro espanhol é o mesmo do Brasil 1, o neozelandês Bruce Farr. O outro barco na água, além do brasileiro, é o Ericsson, da Suécia, que começou a velejar uma semana depois do Brasil 1. “Desde o início, sabíamos que os adversários principais seriam a equipe principal dos holandeses (o time participa com dois barcos, um com tripulação veterana e outro com jovens), o time sueco e os espanhóis. Além disso, o barco da Disney (Piratas do Caribe) é o único norte-americano e deve contar com uma boa tripulação”, analisa Adler. Os australianos do Premier Challenge, que já colocaram o barco na água, fizeram o teste de inversão, mas ainda não anunciaram sua tripulação, são as únicas incógnitas da competição, segundo o diretor do Brasil 1. A tripulação tem o comandante Torben Grael e os brasileiros Marcelo Ferreira, Kiko Pellicano, João Signorini, André Fonseca e o reserva Eduardo Penido, os estrangeiros Adrienne Cahalan (Austrália), Roberto Chuny Bermudez (Espanha), Andy Meiklejohn e Stuart Wilson (Nova Zelândia). O norueguês Knut Frostad só se junta ao time na África do Sul, para as etapas dos mares do Sul. O Brasil 1 é patrocinado por VIVO, Motorola, QUALCOMM, ThyssenKrupp, NIVEA Sun, Ágora Senior Corretora de Valores e Governo Brasileiro através da Apex (Agência de Promoção das Exportações do Brasil), Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Ministério do Turismo e Ministério dos Esportes e apoio especial da Varig. A Volvo Ocean Race terá oito meses e os competidores navegarão por 31.250 milhas náuticas, mais de 57 mil quilômetros. A regata começa em 5 de novembro, com uma prova local em Sanxenxo, na Espanha. A primeira perna terá largada em Vigo, também Espanha, no dia 12 de novembro. A regata de volta ao mundo passa ainda por Cidade do Cabo (África do Sul), Melbourne (Austrália), Wellington (Nova Zelândia), Rio de Janeiro (Brasil), Baltimore, Annapolis e Nova York (Estados Unidos), Portsmouth (Inglaterra), Roterdã (Holanda) e Gotemburgo (Suécia). Mais informações no site www.brasil1.com.br