O Brasil 1 se despede neste sábado do país. Às 14h30, um tiro de canhão disparado na Escola Naval, a mais antiga instituição de ensino superior do Brasil, marca o início da travessia do Oceano Atlântico, rumo a Cascais, em Portugal. Será uma viagem de mais de 4 mil milhas náuticas ou de mais de 7.400 quilômetros. O Brasil 1 só volta ao país em março, quando a flotilha da Volvo Ocean Race, a mais tradicional regata de volta ao mundo, ancorar no Rio de Janeiro.

Para marcar a despedida, será realizada também uma parada náutica em frente à Escola Naval, com um sabor especial: o tiro de canhão será disparado no momento em que o Brasil 1 cruzar a linha imaginária que marca a chegada da parada do Rio de Janeiro da regata de volta ao mundo.

“Todos estão um pouco tristes por deixar o Brasil. O período que passamos aqui foi muito bom, mas todos sabemos que é preciso ir para a Europa”, disse a navegadora australiana Adrienne Cahalan, eleita no começo do mês a velejadora do ano na Austrália pela quarta vez. “Este é o reconhecimento do trabalho”, diz.

As famílias já começaram a se despedir dos velejadores. O pai de André Fonseca, Álvaro, está no Rio desde o início da semana, acompanhando os últimos preparativos do filho. “Como pai, a gente sempre se preocupa. Depois que ele aceitou o convite, passei a analisar a rota e percebi o quanto era perigoso. Mas depois você se conforma. A regata hoje é mais segura do que no passado”, afirma.

Outro que se despede há algumas semanas é Marcelo Ferreira. “Sou muito emotivo, todo mundo sabe disso. Acho que sou o cara mais família da tripulação. Mas o tempo nem é tão grande. Quando eu e o Torben fazemos uma preparação olímpica, passamos um mês longe de casa, mais ou menos o tempo de uma etapa da regata. Sempre que tiver folga, minha família vai para onde eu estiver ou volto para o Brasil para vê-los”, avisa o bicampeão olímpico da classe Star.

Viagem até Portugal

A viagem do Brasil 1 para a Europa demorará cerca de 20 dias e, em linha reta, terá mais de quatro mil milhas náuticas ou mais de 7.400 quilômetros. “Em uma linha reta, o trajeto tem 4000 milhas, mas por causa das variações de tempo, podemos percorrer até mil milhas a mais”, explica Adrienne Cahalan, navegadora da tripulação e única mulher inscrita na Volvo Ocean Race. “Temos de fugir das zonas de calmarias.”

O Brasil 1 é patrocinado por VIVO, Motorola, QUALCOMM, ThyssenKrupp, NIVEA Sun, Ágora Senior Corretora de Valores e Governo Brasileiro através da Apex (Agência de Promoção das Exportações do Brasil), Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Ministério do Turismo e Ministério dos Esportes e apoio especial da Varig.

A tripulação tem o comandante Torben Grael e os brasileiros Marcelo Ferreira, Kiko Pellicano, João Signorini, André Fonseca e o reserva Eduardo Penido, os estrangeiros Adrienne Cahalan (Austrália), Damian Foxall (Irlanda), Roberto Chuny Bermudez (Espanha), Andy Meiklejohn e Stuart Wilson (Nova Zelândia). O norueguês Knut Frostad se junta ao time na África do Sul.

O Brasil 1 terá seis concorrentes de cinco países: os barcos holandeses ABN Amro 1 (comandado por Mike Sanderson/NZL) e ABN Amro 2 (Sebastien Josse/FRA); Ericsson Racing Team (Neil Mc’Donald/ING), da Suécia; Piratas do Caribe (Paul Cayard/EUA), dos Estados Unidos; Movistar (Bouwe Bekking/HOL), da Espanha; e Premier Challenge (Grant Wharington/AUS), da Austrália.

A Volvo Ocean Race terá oito meses e os competidores navegarão por 31.250 milhas náuticas, mais de 57 mil quilômetros. A regata começa em 5 de novembro, com uma prova local em Sanxenxo, na Espanha. A primeira perna terá largada em Vigo, também Espanha, no dia 12 de novembro. A regata de volta ao mundo passa ainda por Cidade do Cabo (África do Sul), Melbourne (Austrália), Wellington (Nova Zelândia), Rio de Janeiro (Brasil), Baltimore, Annapolis e Nova York (Estados Unidos), Portsmouth (Inglaterra), Roterdã (Holanda) e Gotemburgo (Suécia).