“De acordo com o Decreto nº 4.851, de 2003, Parágrafo 4: Caipirinha é a bebida típica brasileira, com graduação alcoólica de quinze a trinta e seis por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida exclusivamente com cachaça, acrescida de limão e açúcar”


Não se pode falar sobre a caipirinha sem falar da cachaça, verdadeiro patrimônio brasileiro, que carrega séculos de história.


Foi no século X que Avicena – médico, astrônomo e filósofo árabe – descobriu o processo de destilação do material fermentado. A destilação produz um líquido composto em sua maior parte por álcool etílico. A palavra álcool tem origem árabe “Al Kuhul” que curiosamente significa fina poeira, referindo-se ao sulfeto de antimônio, cosmético muito usado pelos egípcios.


No século XVI, período da introdução da cana de açúcar no Brasil, entre os escravos que recebiam nos engenhos o que restava da produção de açúcar, alguém teve a feliz idéia de usar a técnica de Avicena, nesta época já espalhada pela Europa, e destilar este “resíduo” obtendo um destilado com alto teor alcoólico. Surgia assim a Cachaça.

 

Não demorou para que os escravos aproveitassem a abundancia de frutas de nossa terra para misturá-las à bebida, criando assim as batidas, entre elas a de limão, que com o tempo evolui para a receita  que incluiu limão com casca em rodelas ou pedaços. A tecnologia ajudou e tínhamos gelo à vontade para torná-lo refrescante. Mas quando é que o nome de caipirinha foi usado pela primeira vez para rotular o drinque?


Caipira era o termo paulista que designava a “habitante do campo” segundo o Dicionário de Vocábulos Brasileiros de 1889. Aparentemente originou-se do Tupi de “caipora” ou “curupira”. Caipora designava o “habitador do mato”, e Curupira por sua vez, é um ente fantástico, um demônio que vagueia errante pelo mato. Talvez alguém saboreou uma Caipirinha a mais e valorizando a mitologia nacional vendo “curupirinhas” à sua volta, batizou este coquetel que hoje é sinônimo do Brasil no mundo todo.


A caipirinha é um drinque refrescante e tipicamente tropical, e o nome CAIPIRINHA é exclusivo para o drinque elaborado com Cachaça, já que não existe “Caipirinha de Vodka (e sim caipirosca), ou caipirinha de Ron (e sim caipirissima)”. Claro que em honra a nossa grande variedade de frutas pode-se usar lima-da-pérsia, morango, uva, maracujá, folhas de mexirica, etc. Mas sempre com cachaça.


Bebida de sabor ácido, aroma cítrico e paladar agradável, dando água na boca, a Caipirinha entrou em 1996, na convenção de Toronto, para o seletíssimo grupo de Cocktails da I.B.A (International Bartender’s Association), sendo assim divulgada em mais de 50 países e oferecida nos principais cardápios de bares e restaurantes mais famosos do planeta, pelos maiores Mestres da Arte da Coquetelaria.

Ao tomar sua Caipirinha, faça-o com calma, sabendo que esta bebendo séculos de historia em cada gole.


Fonte: www.umacoisaeoutra.com.br, por Sidney Simóes – http://pt.wikipedia.org


FORMAS DE FAZER CAIPIRINHA


Existe uma grande variedade de frutas utilizadas para a elaboração da Caipirinha, e com cada uma delas aparecem centenas de cortes e variantes de preparo.


Com o limão cortado em rodelas, cubos, fatias, com miolo branco, sem o miolo branco, com casca, sem casca, batido na coqueteleira, montado num copo, etc. Podemos dizer que para cada um de nós, existe uma maneira diferente de se fazer Caipirinha, e esta versatilidade é, com certeza, o que faz deste coquetel brasileiro, um dos mais apreciados no mundo. Mas qual é a maneira correta de se fazer uma Caipirinha?
Assim como perguntar qual é a melhor Cachaça ou o melhor Whisky, essa pergunta não tem resposta certa. Podemos dizer de modo geral que a maneira correta de se fazer uma Caipirinha é a “sua” maneira! Desde que sejam tomadas algumas precauções:


– Se possível, utilize sempre frutas frescas. Ao utilizar frutas congeladas (como morango, por exemplo) a Caipirinha costuma ficar com sabor e aroma desagradáveis.

– Tente sempre de cortar o limão de modo a retirar o miolo branco do centro, já que o mesmo “amarga” a bebida.


– Procure limões de casca suave ao tato, já que estes possuem maior quantidade de sumo e facilitam a liberação do mesmo na maceração. Limão de casca porosa costuma ser seco, exigindo maior força na maceração, o que resulta numa bebida mais amarga por causa da liberação dos azeites presentes na casca de toda fruta cítrica.


– Utilize sempre facas bem afiadas, para evitar amassar o limão na hora do corte, perdendo quantidades importantes de sumo.


– Utilize Socador de PAD (polietileno de alta densidade), muito mais higiênico que os de madeira, que absorvem liquido, acumulam fungos e com o tempo podem prejudicar a saúde.


– No momento de macerar o limão e o açúcar, faça-o suavemente, já que, como foi dito, na casca do limão existem azeites que deixam a bebida azeda, além da “carne” branca que se encontra entre a casca e os gomos, que amargam o coquetel.

– Seja qual for sua maneira de cortar o limão ou fazer sua Caipirinha, nunca macere a fruta sem ter adicionado o açúcar (a não ser que você prefira mastigar açúcar em quanto degusta Cachaça com suco de limão), já que ao macerar o limão (ou outra fruta) e o açúcar, podemos dizer, que obtemos um 3° produto (espécie de xarope) que se misturará a Cachaça; agora, se optamos por adicionar o açúcar ao final do preparo do coquetel, ele não se misturará ao liquido, já que o açúcar não se dilui facilmente com álcool.


Como regra geral na elaboração de uma Caipirinha, podemos dizer que a seqüência de preparo é a seguinte: cortar o limão, colocar num copo com açúcar, macerar, colocar gelo quebrado, adicionar Cachaça e mexer.

 

Receita do livro de Coqueteis Oficiais da IBA – International Bartenders Association

 

Caipirinha
7cl Cachaça

½ Limão cortado

2 colheres de açúcar

Montar em copo old fashioned, colocando a açúcar e o limão sem miolo e cortado em fatias finas, amassar e acrescentar gelo e a Cachaça e mexer. Servir com mexedor.

*Roberto David Lopes é Bartender, Gerente do Restaurante Cura e Presidente Fundador da ABL – Associação de Bartenders do Litoral, Sub-sede da ABB – Associação Brasileira de Bartenders. Membro da IBA International Bartenders Association, Membro da IBA desde 2005, e do Juri Técnico dos Campeonatos Brasileiros de Coquetelaria 2004, 2005, 2007, 2008, e 2009. Em Ilhabela, ministra os cursos profissionalizantes oferecidos pela ABL.

 

Mais informações no site: www.abl.org.br