O livro “Travessia Periférica – A trajetória do pintor Waldemar Belisário”, de Ana Maria Barbosa de Faria Marcondes, chega a Ilhabela, cidade em que o artista residiu por muitos anos. A edição é da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e foi lançada oficialmente em fevereiro deste ano na capital paulista. Em Ilhabela, o lançamento e a sessão de autógrafos serão promovidos no dia 30 de agosto, às 19h, pela Prefeitura de Ilhabela, por meio da Secretaria da Cultura e por meio da Fundaci (Fundação Arte e Cultura de Ilhabela), na Biblioteca e Videoteca Municipal “Prefeita Nilce Signorini”. A presença de Belisário na cidade por diversos anos foi de extrema importância para as artes plásticas no arquipélago. Ele foi o artista plástico pioneiro em retratar a natureza exuberante de Ilhabela com o objetivo de levar à Europa. Chegou ao arquipélago em 1929 e estendeu por vários anos sua estada no município ao se casar com a cantora lírica e pintora Celina Pellizzari, que imprimiu às gerações de alunos a quem lecionou na Ilha, o gosto pela arte. Através de Waldemar, a ilha começava a ser conhecida no meio artístico paulistano e, através de Celina, alguns caiçaras começavam a desenvolver suas vocações para a pintura, escultura e música. Assim o município adquiriu e ainda hoje mantém, nas artes plásticas, uma forte expressão, apresentando diversas tendências e técnicas. O Salão de Artes Plásticas Waldemar Belisário chega a sua 37ª edição e será aberto no próximo dia 29 de agosto, um dia antes do lançamento do livro como parte da programação oficial de aniversário de 209 anos de emancipação político-administrativa de Ilhabela. Travessia Periférica O lançamento do livro de Ana Maria Marcondes contará com uma apresentação da publicação pela autora seguida de uma sessão de autógrafos. A trajetória do pintor, estudada a fundo pela autora, traz à tona dois grupos que dialogam e se repelem mutuamente: de um lado, a elite, que se fez representar na Semana de Arte Moderna de 1922; e de outro, apoiado pelos professores do Liceu de Artes e Ofícios, o grupo da 1ª Exposição Geral de Belas Artes no Palácio das Indústrias. “Travessia Periférica” revela as lutas e conquistas do pintor Waldemar Belisário Pellizzari no início do século 20, quando na São Paulo, ainda provinciana, movimentos como a Semana de Arte Moderna de 1922 e 1ª Exposição Geral de Belas Artes redimensionavam o cenário cultural e artístico do País. Em 1930 ele vê ruir seu maior sonho, devido à desordem política do País: estudar artes plásticas na Europa. Sobrou-lhe uma opção arquitetada por Patricia Galvão, a Pagu, e pelo casal Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade: em troca das vantagens do Pensionato Artístico Paulista, ele deveria casar-se com Pagu, para que ela pudesse escapar da tutela dos pais. Vieram o casamento e a anulação, e esse episódio conferiu ao artista, o rompimento com a família Amaral, que se sentia envergonhada com a situação, e por consequência o fim dos privilégios que ele gozara pela aproximação com os padrinhos de batismo. Em Ilhabela, Belisário encontrou o seu refúgio e se isolou do circuito artístico paulista. No arquipélago fizeram-se sentir os efeitos dessas travessias em sua pintura: a natureza e a gente da terra tonalizam a serenidade plástica em fase de superação pessoal refletidas em seu fazer criativo Segundo o professor Guilherme Simões Gomes Júnior, além de apresentar um artista, Travessia periférica revela um sistema que havia ficado relativamente oculto na historiografia do Modernismo de São Paulo. A autora Graduada e licenciada em Filosofia pela Puc-SP, Ana Maria Barbosa de Faria Marcondes pós-graduou-se em Filosofia da Educação, e titulou-se como mestre em Ciências Sociais, área de Antropologia, na mesma Universidade. A autora soube expandir seu universo temático apoiada no pensar filosófico, social e artístico. O conjunto desses fatores favoreceu também seu fazer pedagógico com cursos de curta duração, que visam estabelecer a relação do todo com a parte para melhor “educar” o olhar acostumado a ver apenas o que foi legitimado.