Com um enorme espaço ocioso durante todo o dia, onde funciona apenas à noite a pizzaria, os proprietários da Forneria A Redonda, há mais de 5 anos no sul de Ilhabela, decidiram ocupá-lo de forma a trazer algum benefício aos moradores da região.
Há dois anos, montaram as oficinas de artesanato gratuitas e a loja, anexa à pizzaria, onde toda a produção é exposta e vendida. Tem sido um sucesso. Muitos artesãos, especialmente mães de família, têm conseguido uma boa receita extra com seus trabalhos.
Ainda com espaço e tempo disponíveis, resolveram abraçar outra iniciativa. Enviaram e-mails para sua lista de amigos e conseguiram a doação de diversos computadores, impressoras e scanners para montar uma escolinha de informática gratuita (que chamam de pré-inclusão digital) para os moradores carentes da redondeza, preferencialmente adultos.
A idéia, tanto das oficinas de artesanato quanto da escolinha de informática, é proporcionar meios para que as pessoas consigam melhorar seu padrão de vida, aumentado sua receita, seja produzindo peças de decoração, seja tendo noções básicas para operar um computador, aumentando sua possibilidade de conseguir um emprego ou promoção.
A escolinha tornou-se realidade e hoje tem 10 alunos, graças à colaboração voluntária de um analista de sistemas, há pouco radicado na Ilhabela, Vinicius de Moraes, que revisou e colocou em condições de uso todo o material doado, além de dar as aulas semanais, tudo apenas na boa vontade, sem custo.
Inicialmente, a idéia era que a sala dos computadores funcionasse como lan house à noite, o que geraria uma receita para a manutenção do equipamento e pagamento do professor. Mas no sul da ilha ainda não chegou a banda larga, e os clientes poderiam reclamar da lentidão da internet discada, que é usada pelos alunos. Além disso, como o professor Vinicius é voluntário, não cobra pelas aulas, não houve necessidade de ativar a lan house.
“Esta iniciativa pode ser repetida em qualquer lugar onde haja uma sala disponível. O que ficou claro nessa nossa experiência foi que muitas empresas trocam regularmente seus computadores para acompanhar a evolução do mercado e podem doar os antigos, ao invés de enviá-los para o desmanche. Mesmo não sendo de última geração, servem perfeitamente para o treinamento de iniciantes. Não precisam de muita memória nem velocidade: o interesse dos alunos tem sido total”, afirma Maria Lydia Alburquerque, idealizadora do projeto.
Nem sempre será possível conseguir um professor com espírito cívico que dê aulas graciosamente. Mas utilizar os computadores como lan house nos outros horários deverá gerar receita suficiente para cobrir estes gastos que podem ser completados com mensalidades reduzidas pagas pelos alunos.
“Aí está o caminho das pedras para quem quiser dar sua contribuição para melhorar a vida das outras pessoas sem muito esforço nem custos. Mas muito reconhecimento daqueles que forem beneficiados”, completa a empresária.