Até que uma criança se ponha de pé, muitas quedas acontecem, porém sem grandes problemas, pois ela está bem próxima do chão. Quando as quedas acontecem com adultos a situação pode levar a conseqüências graves, não é mesmo?
Será que quando as pessoas percebem que começam a perder o “equilíbrio” podem encontrar explicação na conhecida justificativa de que estão ficando velhas?
Bem leitor, para seu alívio esta pode não ser a resposta adequada, pois atualmente mais e mais jovens também estão se defrontando com a mesma situação.
Qual seria a verdadeira razão?
A resposta a esta pergunta está em todos os nossos artigos anteriores.
Na sociedade moderna as pessoas estão deixando de se movimentar de maneira adequada e em função disso estão perdendo o controle de movimentos.
Ficar em pé parece uma tarefa fácil de ser realizada, e andar nesta posição é uma ação tão espontânea que as pessoas não pensam a respeito de como é que desenvolveram a capacidade de realizar esta habilidade tão complexa.
Convém lembrar que a capacidade de caminhar e manter-se equilibrada, na espécie humana é uma habilidade aprendida, como qualquer outra. É isso mesmo! Não está inclusa no pacote genético. Demanda muito tempo e muita, mas muita prática.
A quantidade e a qualidade dos movimentos praticados durante a infância é o que nos prepara para conseguir ficar em pé e equilibrados.
Demorou não é verdade?
Durante este processo várias funções vão “amadurecendo” e isso acontece através das solicitações fisiológicas geradas pelos movimentos que a criança vai descobrindo e praticando.
Uma destas funções que garante a manutenção do equilíbrio surge através do labirinto. Este “órgão do equilíbrio” está situado dentro da orelha, bem no lá no fundo do ouvido, um de cada lado da cabeça, e é graças a este “dispositivo” que as pessoas podem detectar a posição da cabeça, a velocidade que estão se deslocando e a direção para a qual estão indo.
Além disso a pessoa quando está em movimento precisa controlar o peso da cabeça.
Você tem idéia de quanto pesa a cabeça de uma pessoa adulta?
Em torno de 5 kg, e você há de convir que é necessário ter uma boa postura e um certo nível de força para mantê-la bem posicionada.
Considere que o labirinto só funciona direitinho quando a cabeça está bem posicionada sobre a coluna, ao invés de estar apoiada em cima do coração.
O movimento da cabeça leva junto o tronco, e os braços e as pernas o acompanham. Isto lhe parece óbvio?
Como é que você sabe onde está a cabeça e onde estão os pés, onde é o lado direito e onde está o esquerdo? Onde é a frente e onde é atrás? Mesmo de olhos fechados você sabe e isto lhe parece fácil.
Uma experiência para você entender o “equilíbrio”: feche os olhos e experimente dar alguns passos. Complicado, não é verdade?
O sistema visual também faz parte das funções que permitem a manutenção da estabilidade e mobilidade de uma pessoa.
Outro aspecto deste sistema complexo surge dos ajustes que acontecem nas articulações através da propriocepção, que significa perceber a si mesmo, ou dito de outra forma, percepção corporal pela qual a pessoa sabe onde cada área está localizada no espaço enquanto se move.
Quantas articulações ou “juntas” estão em ação quando uma pessoa está caminhando?
Como referência para sua pesquisa e eventual resposta, uma pessoa adulta apresenta, em geral, 206 ossos e eles estão conectados entre si.
Já imaginou como você controla tudo isto e ainda é capaz de respirar, pensar e até conversar enquanto anda?
Nunca pensou nisso? Normalmente, as pessoas só no assunto quando alguma “junta” dói, aí vem com aquela tal conversa de que a pessoa está com problemas de junta… junta tudo e joga fora.
Bem leitor, novamente para seu conforto isso não é verdade. Basta estimular as funções que lhe permitem controlar o equilíbrio e os movimentos constantemente, como você fazia quando criança, e garanto que o medo de cair vai desaparecer e sua vida será muito, mas muito mais prazerosa do que já é.
Alguns anos atrás, andando pela orla da Ilhabela, quebrei o pé pisando num buraco. Depois de um tempo o pé sarou, mas ficou o medo de cair.
Fazendo Ginástica Funcional com o José Augusto e Carla, andando, pulando sobre superfícies diferentes, fazendo exercícios de equilíbrio, rolando pra cá e pra lá, fiquei mais corajosa.
Um dia, fazendo a trilha da Água Branca, descobri que conseguia andar em terreno irregular facilmente. Me senti confiante.
Marianne Schmidt, 73 anos