São 8 horas da noite e o público começa a chegar, de carro, a pé ou de bicicleta no Pés no Chão. O cheiro da pizza saindo do forno de barro aguça o apetite de todo o mundo, e no balcão as pessoas se aglomeram para comprar as fatias de pizza ou os bolos e sucos naturais. O hall do teatro vai ficando cada vez mais apertado para tanta gente, e as pessoas se juntam em rodas de conversa dentro e fora do prédio. Há muitas crianças correndo de um lado pra outro, famílias inteiras com roupa de domingo, amigos que se encontram e combinam um jantar pra outra semana, adolescentes em profusão encostados em troncos lá fora, e turistas que se espantam de encontrar um lugar assim escondido no miolo da Barra Velha.
Às 8 e meia, a porta do teatro se abre e a expectativa aumenta. As pessoas vão entrando e sentando nas arquibancadas. Conforto não é o que se espera, e sim a apresentação de mais um espetáculo do Dança e Movimento. A casa cheia mostra que o evento já ganhou seu público. A popularidade que ele atingiu este ano demonstra que a arte da dança fala com todos, toca indiscriminadamente qualquer coração, basta que se crie uma oportunidade para isso acontecer.
No momento em que se avaliam os resultados alcançados pelo 14º Dança e Movimento, a conclusão a que se chega é que ele atingiu todos os seus objetivos, e superou sua expectativa de público, beneficiando quase 6.000 pessoas. O teatro do Pés no Chão esteve cheio em todas as noites da programação oficial, e a mostra paralela também foi uma excelente opção para as pessoas, que não vão até o teatro da Barra Velha. Tanto o palco montado em Borrifos, quanto em Itaquanduba e Reino receberam um bom público, que pode assistir aos trabalhos dos alunos de dança da FUNDACI e do Pés no Chão. A mostra paralela também proporcionou – através do grupo ParaladosanjoS – a alegria da criançada das escolas públicas de Ilhabela e São Sebastião nas cinco exibições do espetáculo “Paraladibom”. Essa disseminação do evento deverá ser repetida nas próximas edições.
Havia duas apresentações previstas para um palco montado na Vila, mas elas foram transferidas para o Teatro do Pés no Chão, por causa do mau tempo. Estrategicamente, o Pés no Chão provou que é sempre preciso ter um plano B.
O 14º DM ocorreu entre os dias 10 de setembro e 2 de outubro de 2011, mostrando excelentes trabalhos de dança e de artes integradas. Entre os destaques desta edição, três grupos estiveram pela primeira vez no evento e foram boas surpresas: a Ribeirão Preto Cia. de Dança, a Cia. Cênica Nau de Ícaros e o Núcleo OMSTRAB. Os três espetáculos apresentados, respectivamente “Sobre Nós”, “Cidade dos Sonhos” e “Cidade” agradaram bastante ao público.
Entre as companhias que já participaram do Dança e Movimento, e retornaram este ano destacaram-se: a Companhia de Danças de Diadema, a Cia Druw e o Grupo ParaladosanjoS. A Companhia de Danças de Diadema trouxe um de seus maiores e melhores espetáculos “Crendices….quem disse?”, a Cia. Druw mostrou “Vila Tarsila”, um trabalho muito elogiado pela crítica especializada, que teve como base a pintora modernista Tarsila do Amaral. O público adorou, e o grupo deve voltar no ano que vem com o espetáculo “Girassol”, inspirado na arte do pintor Van Gogh. Já a companhia ParaladosanjoS revelou toda a sua versatilidade artística, apresentando numa noite um lindo espetáculo infantil – “Tchu-Tchu-Tchu” – e dois dias depois um trabalho bem adulto, dirigido por Adelvane Neia. Ele foi um dos pontos altos do evento: “Euethéia – um elogio à loucura”. O espetáculo foi magistral sob todos os aspectos, com destaque para o cenário, a performance artística de Marcos Becker e o acompanhamento ao vivo de Mauro Braga no violoncelo.
Em relação aos trabalhos apresentados pelos grupos locais, o palco do Dança e Movimento cumpriu a sua missão de promover a arte-social, que se desenvolve em Instituições, Fundações e Entidades. Foram apresentados trabalhos fundamentais como o que a APAE faz em Ilhabela, que levantou a platéia e emocionou a todos, e também estendeu a programação de uma das noites, permitindo que todos aqueles que se dedicam à dança tivessem a oportunidade de subir ao palco e mostrar suas conquistas.
Para os organizadores do Dança e Movimento o mais importante neste projeto é realizar um evento suficientemente generoso para acolher, respeitar e valorizar a arte da dança, seja ela protagonizada por uma grande companhia profissional, seja ela desenvolvida no âmbito amador ou ainda durante o processo de formação de alunos.
O 14º Dança e Movimento foi promovido pelo Espaço Cultural Pés no Chão com apoio do ProAC – Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e da Prefeitura Municipal de Ilhabela. A participação da Prefeitura como apoiadora fortaleceu institucionalmente a iniciativa, além de viabilizar a ampliação do projeto original. Ela permitiu, entre outras coisas: a implantação da mostra paralela com palcos montados nos bairros, e a reforma necessária do palco do Pés no Chão para os espetáculos.
No decorrer do evento, a equipe do Pés no Chão teve a confirmação de que seu projeto “15º Dança e Movimento” foi contemplado pela quarta vez consecutiva no EDITAL Nº 05 DO PROGRAMA DE AÇÃO CULTURAL – “CONCURSO DE APOIO A PROJETOS DE FESTIVAIS DE ARTES NO ESTADO DE SÃO PAULO”. É uma ótima notícia para toda a população de Ilhabela, que já tem garantida a próxima edição dessa brilhante mostra de dança.
Pois então… bem vindo 15º Dança e Movimento!