A Prefeitura de Ilhabela, por meio da Secretaria Municipal da Cultura, e a Fundação Arte e Cultura de Ilhabela (Fundaci), em parceria com o Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP), iniciaram o Projeto “Documentação Waldemar Belisário”, com o objetivo de salvaguardar a memória do artista plástico e tornar esses documentos disponíveis à pesquisa e ao público. O projeto trouxe para a cidade uma oficina ministrada por profissionais do IEB/USP, com aulas práticas e teóricas realizadas na sede do Instituto Histórico, Geográfico e Arqueológico de Ilhabela (IHGAI).

Lúcia Elena Thomé, coordenadora do Laboratório de Conservação e Restauro do IEB, e Elisabete Marin Ribas, supervisora técnica do serviço de Arquivo do IEB, ministraram as aulas teóricas e coordenaram as atividades práticas. O curso também contou com a participação da pesquisadora Ana Maria Barbosa de Faria Marcondes, que escreveu sua dissertação de mestrado em antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), “Travessia Periférica – A Trajetória do Pintor Waldemar Belisário: Um Estudo sobre a Desconstrução do Cenário Artístico Paulista”, ainda inédita em livro.

“Fiquei tocado com o curso e a capacidade das mestras em nos ensinar. A introdução teórica foi muito interessante e o empenho dos alunos foi surpreendente”, comentou Carlos Eduardo Martins, que participou do curso. Ele foi um dos dezesseis alunos que aprenderam as noções básicas de conservação e restauro de documentos em papel, os princípios de arquivologia e a introdução às técnicas de digitalização de documentos permanentes.

 O artista e seu universo – A importância de Belisário é inegável para a história das artes paulistas.  Em Ilhabela muito se fala, e com orgulho, sobre Waldemar Belisário. Mas pouco se sabe sobre este personagem, além de ele ter emprestado seu nome para o mais tradicional salão de artes plásticas de Ilhabela devido ao reconhecimento de sua obra.

Também é conhecida a sua ligação com o Movimento da Semana de Arte Moderna em São Paulo, sua mudança pra Ilha na década de 1930 e seu casamento com a professora Celina Pellizzari.  Mas o que o artista lia, com quem se correspondia, o que estudava, quais suas influências artísticas?

O acervo contém muito do que o artista reuniu durante sua vida e os alunos tiveram o privilégio de manusear o raro material, aprendendo na prática a higienização e a estabilização dos documentos antigos.

Com o projeto, um dia toda a história de Waldemar Belisário poderá ser revivida com detalhes numa linha do tempo ilustrada por fotografias, correspondências, trabalhos de alunos, estudos para a obra, catálogos e arquivos diversos sobre o universo de interesse do artista plástico.

Preservação documental – Já é sabido que as condições de umidade e temperatura das cidades litorâneas contribuem para a deterioração de acervos documentais e que muitas vezes estes são os únicos acervos que permitem a reconstituição dos fatos históricos ocorridos nos municípios.

Segundo a arqueóloga Cintia Bendazzoli, que coordena o Projeto de Gestão e Diagnóstico Arqueológico de Ilhabela, por meio do IHGAI, o curso permitiu aos participantes verificar a importância da preservação documental como forma de reconstituir a história dos personagens importantes que viveram em Ilhabela. Também revela a necessidade cada vez maior do cuidado com os documentos históricos e a criação de um arquivo documental municipal adequado às condições de preservação do material.