Criado em 2005, o projeto Bela Ilha tem o objetivo de promover a preservação ambiental e levar mais qualidade de vida para os moradores de 13 comunidades tradicionais caiçaras do arquipélago de Ilhabela, através da implantação de sistemas de tratamento de água e esgoto e da promoção da educação ambiental.

Serão atendidas pelo projeto as comunidades de Praia Mansa, Figueira, Guanxumas, Ponta de Tapuã, Fome, Serraria, Canto da Lagoa, Saco do Sombrio, Ilha de Vitoria, além de Guaxumas de Búzios, Porto do Meio, Costeira e Pitangueiras, localizadas na Ilha de Búzios.

Realizado através de um convênio com a Prefeitura de Ilhabela e apoiado pelo Parque Estadual de Ilhabela, o Projeto Bela Ilha é uma iniciativa da Sagatiba Brasil S/A que integra o compromisso da empresa com a sociedade, a cultura e o meio ambiente. “Escolhemos Ilhabela porque, por ser uma Ilha, possibilita que os resultados sejam mais facilmente auferidos. Além disso, é uma das maiores reservas de mata atlântica do país e está estrategicamente localizada de modo a podermos cultivar na sociedade, a partir daqui uma cultura de fortalecimento através da colaboração”, explica Marcos Moraes, presidente da empresa. “Apesar da riqueza do meio-ambiente, há uma grande carência, particularmente nas comunidades tradicionais, por benefícios sociais básicos. Todo o quadro social tende a ser fortemente impactado a partir da exploração do petróleo, e é muito importante que a sociedade possa  fazer disso uma fonte de recursos para o desenvolvimento comum”, completa.

 

Saneamento básico e saúde

Graças ao isolamento geográfico, a maior parte das comunidades tradicionais pôde manter preservados seus hábitos e costumes, o que inclui a forte ligação com a natureza e uso racional de seus recursos. No entanto, por falta de informação sobre cuidados básicos com a higiene pessoal e a saúde, várias nascentes de água utilizadas para consumo acabaram contaminadas, gerando doenças e problemas de saúde pública.

Nas comunidades mais distantes, as casas são muito simples, construídas com o que natureza proporciona como barro, galhos de árvores e bambus. Não há banheiros e a coleta de água é feita diretamente nos rios e cachoeiras, sem qualquer tratamento.

 

Projeto piloto

A primeira comunidade beneficiada pelo projeto com a instalação de sistemas de tratamento de água e esgoto foi a de Praia Mansa, no sul da Baía dos Castelhanos. A vila é composta por nove casas, escola municipal, igreja, rancho de canoas e uma câmara fria. Além de abastecer todos os domicílios, a água captada é utilizada para gerar energia exclusivamente para a câmara fria, onde é produzido o gelo utilizado no transporte do pescado até as áreas urbanas, onde são comercializados. Todas as cozinhas ganharam caixa de gordura, por onde passa a água da pia, antes de ser direcionada ao tratamento. Uma rede de esgoto interliga as construções e direciona os resíduos para a estação de tratamento. Após tratada, a água é devolvida ao meio ambiente por processo de infiltração no solo.

As obras de implantação duraram cerca de quatro meses e atualmente a água que abastece as casas é captada da cachoeira, a 600 metros acima das casas, armazenada em duas caixas d’água de 5 mil litros e submetida ao processo de tratamento com filtragem e cloração, antes de ser distribuída para as casas, a igreja e a escola. Nas casas que não tinham banheiros, o cômodo foi construído e todo o material utilizado na obra é ambientalmente correto, como as telhas produzidas a partir de tubos de pasta de dente, paredes e portas com embalagens longa vida, madeiras certificadas e tintas sem derivados de petróleo e com pigmentação à base de terra.

Para adaptar a comunidade à nova realidade, um programa de educação ambiental promoveu atividades como oficinas de higiene pessoal e doméstica, técnicas de compostagem, reciclagem, limpeza de trilhas, reaproveitamento do óleo de cozinha na fabricação de sabão e consumo consciente dos recursos naturais, além de capacitar os moradores para limpar as caixas de gordura das suas casas, evitando o uso de produtos químicos, e para cuidar do abastecimento de cloro e limpeza dos reservatórios de água.

 

Resultados

Os resultados da implantação do projeto piloto foram comprovados pelo primeiro monitoramento da qualidade das águas na Praia Mansa, realizado sete meses após a implantação dos sistemas de tratamento de água e esgoto. A análise de efluentes apontou que a unidade de tratamento implantada nesta comunidade supera o índice de 85% de redução de carga orgânica.

Os benefícios também foram atestados pela Secretaria Municipal de Saúde, que em ofício enviado em 2010 a Secretaria Municipal de meio ambiente, informou que “(…) as ações implantadas pelo Projeto Bela Ilha promoveram rápidas e significativas mudanças no perfil epidemiológico do local, reduzindo-se sensivelmente o número de casos de diarréia e verminoses. Essa nova realidade vendo sendo constantemente confirmada pelas equipes do Programa de Saúde da Família em suas visitas rotineiras à comunidade. Além disso, vale ressaltar a transformação comportamental apresentada pelos moradores, hoje conscientes dos benefícios proporcionados pelo ambiente ecologicamente preservado”.

 

Próximos passos

Passada a fase de análise e pesquisa nas comunidades e a implantação do projeto piloto, as obras das outras comunidades estão em fase de licenciamento, já que cada etapa obedece a um rigoroso processo burocrático. O próximo local a receber as instalações deve ser a Ilha Vitória, onde o projeto já foi licenciado, e em seguida as praias da Figueira e Saco do Sombrio, que estão em fase final de licenciamento.

 

Mais informações no site: www.belailha.org.br