Frase das mais usadas nos tempos atuais, esse convite pode significar falta de tempo para uma refeição longa, um chamado amistoso ou uma simples vontade de comer algo leve. De qualquer forma, pode ser uma gostosa maneira de se nutrir com uma certa rapidez. É claro que há os sanduíches execráveis, que habitam os balcões de botequins, padarias ou lanchonetes de fórmica, em cuja fórmula constam recheios padronizados atirados sem cuidado no meio de dois pedaços de pão sem viço. Estamos aqui falando de uma especialidade culinária como qualquer outra, onde capricho, criatividade e amor à arte são presenças obrigatórias. É a cozinha dos sanduíches, que pede do cozinheiro atenção a alguns pontos básicos importantes. O frescor e a qualidade da matéria prima são fundamentais como, aliás, na cozinha em geral. Pão e recheio devem ser exuberantes. A aparente simplicidade da culinária dos sanduíches pode ser enganosa. A confecção de um bom sanduíche pede cuidados iguais aos dispensados a receitas supostamente mais complicadas. Fazer um bom sanduíche é buscar o equilíbrio entre as diferentes texturas do pão e dos componentes do recheio, assim como a harmonia de sabores do conjunto. Quem compõe um sanduíche exercita seu senso de proporção. Os resultados da falta dessa proporção são os mais desagradáveis: o pão fica molhado e o sanduíche pinga e escorre, ou se inicia uma verdadeira briga, com os dentes tentando vencer a resistência de um recheio espesso ou rijo demais, ou um pão “borracha” que faz saltar para os lados metade do recheio. Em qualquer caso, perde-se toda a elegância ao comer; o prazer se esvai, e o sanduíche torna-se um alimento grosseiro.