A introdução de espécies exóticas* em ambientes naturais é uma das maiores ameaças aos recursos naturais e ao equilíbrio ecológico destes ambientes. A gravidade desta invasão biológica é tão grande que já é considerada a segunda maior causa de perda de biodiversidade no mundo, segundo o Ministério do Meio Ambiente.

Os principais impactos verificados na introdução de espécies exóticas são: A competição por alimento e espaço entre espécies nativas e introduzidas; predação de espécies nativas principalmente em ambientes degradados; introdução de patógenos e parasitas, além e da alteração de habitats.

Espécies exóticas invasoras causam prejuízos não só ao ambiente natural, mas também à economia e à saúde, podendo provocar impactos sociais e culturais. A introdução de espécies exóticas invasoras pode ser acidental, como no caso do mexilhão-dourado que chega a diversos ambientes por meio da água de lastro de navios. Pode ser também intencional, por motivos econômicos, como no caso do caramujo-africano ou do javali. Estima-se que a introdução de espécies a novos ambientes possa levar a extinção da metade dos mamíferos que hoje habitam o planeta, promovendo a homogeneização e a simplificação da biota global (Wittenberg & Cock, 2001).

jacaAlgumas das espécies da flora exóticas trazidas para o Brasil mais significativas são: o bambu, diversos tipos de capins e árvores frutíferas como coqueiro, mangueira, jaqueira. Da fauna exótica vale mencionar o pardal, a tilápia, o caracol africano e o javali, que além de competir com o porco-do-mato nativo, provoca danos à agricultura e transmite doenças.

Já são mais de 120 mil espécies exóticas de plantas, animais e microrganismos registrados em seis países: África do Sul, Austrália, Brasil, Estados Unidos, Índia e Reino Unido. Apenas nesses seis países estudados, as estimativas com relação a perdas econômicas anuais decorrentes da introdução de espécies exóticas invasoras nas culturas, pastagens e nas áreas de florestas chegam a 250 bilhões de dólares. Já o cálculo das perdas ambientais ultrapassa os 100 bilhões de dólares. Estimativas globais giram em torno de 1,4 trilhões de dólares de prejuízos anuais, o que representa cerca de 5% da economia global.

O manejo e o monitoramento de ambientes e espécies hoje são partes fundamentais de todo o processo de conservação. A proteção de qualquer ser vivo não é apenas interesse de ambientalistas, pois áreas bem conservadas são importantes para nossa própria qualidade de vida e sobrevivência.

*De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB, “Espécie exótica” é toda espécie (plantas, animais e microrganismos) que se encontra fora de sua área de distribuição natural. “Espécie exótica invasora”, por sua vez, é definida como aquela que ameaça ecossistemas, habitats e espécies. Essas espécies, quando introduzidas em locais onde não ocorrem naturalmente, na maioria das vezes não encontram competidores ou predadores – consequentemente, têm sua ocupação e multiplicação facilitada, e acabam ameaçando a permanência de espécies nativas, principalmente em ambientes degradados.

 

Como a disseminação e os impactos provocados pela introdução dessas espécies vão além de fronteiras políticas, acordos internacionais são fundamentais para o enfrentamento do problema em escala mundial para manter o equilíbrio entre atividades socioeconômicas, mantendo a saúde de comunidades e de ecossistemas e a saúde pública da população humana. As principais estratégias para as espécies invasoras devem ser: (1) Prevenir a entrada de novos organismos potencialmente perigosos; (2) criar um programa permanente de controle e manejo de populações já estabelecidas, principalmente em unidades de conservação; (3) desenvolver atividades de educação ambiental, informação e conscientização pública para a população; (4) criar um arcabouço legal que normatize e regulamente as atividades econômicas de cultivo e comercialização de espécies exóticas e (5) desenvolver capacidade técnica e estrutura institucional para a implementação das ações.

No arquipélago de Ilhabela, por sua característica insular e grande parte da sua área pertencer a uma unidade de conservação, a introdução de espécies exóticas invasoras pode ter resultados desastrosos. Hoje já temos na fauna o tucano-toco, que compete com o nosso tucano-do-bico-verde. Há registros de saguis que são grandes predadores de aves e pequenos vertebrados, o saruê que já está antropizado, algumas espécies de escorpiões trazidos em caminhões com materiais de construção e o coral sol, aderido aos cascos de navio.

Fontes:

www.ambiente. sp.gov.br

Cad. Mata Ciliar, São Paulo, no 30 3, 2010

http://www.institutohorus.org.br/

www.cdb.org.br

www.gisp.org