Para além das disputas acirradas na raia, a Semana Internacional de Vela de Ilhabela também é sinônimo de celebração em família e histórias de superação pessoal. A maior competição de vela oceânica da América do Sul tem significado especial para muitas tripulações, como as dos dois Inaê na edição deste ano. O Inaê 50, da classe Bico de Proa, está comemorando dez anos, e pela primeira vez veio para a ilha junto com o “irmão mais novo”, o Inaê 40, da classe IRC.
Os dois barcos são comandados pela família Umbuzeiro. No Inaê 50, quem lidera é Bayard Filho, veterano com 20 anos de participação na Semana de Vela. “Nós somos esportistas de nascença, e sempre no mar. Da caça submarida para a pesca oceânica e da pesca oceânica para a vela. Continuamos a praticar as três atividades, e vamos passando para as gerações mais novas, porque os netos já começam a participar das regatas”, conta Bayard Filho, que vai completar 79 anos em setembro. “A família Umbuzeiro é ligeiramente conhecida na região, porque somos sócios do clube há 40 anos. Em 1968 ganhei o campeonato nacional de caça submarina, por exemplo. E o Inaê 50 é um cruzeiro também conhecido, sempre participando de todos os eventos esportivos daqui.”
O Inaê 50 está completando dez anos e a família decidiu comemorar na Semana de Vela em Ilhabela. Bayard Filho levou para a equipe o filho mais novo, Beto Bayard, e dois netos em fase de aprendizado na escola de vela. E passou o comando do Inaê 40, barco campeão do Torneio por Equipes de 2018 com o San Chico e o xxx, para o filho mais velho, Bayard Neto. “Meu pai é um incentivador da vela e do esporte, e me deu o privilégio de ser o comandante do Inaê 40. Estamos com a perspectiva de um resultado bacana na IRC, para a equipe poder comemorar dez anos de trabalho, velejada e convivência. Ter meu pai velejando lado a lado, nós com dois barcos, é um grande privilégio.”
Desafio de gente grande
Para competir na 46ª Semana Internacional de Vela de Ilhabela, a tripulação do Aquarius, da classe RGS, mostrou muita garra e espírito de equipe. O barco, um pequeno J24 de 24 pés, apresentava algumas avarias sérias, entre elas uma infestação de cupim. “Achamos que não ia dar tempo de arrumar o barco para competir, mas nos juntamos para fazer todos os reparos necessários. Foram quase três meses de trabalho diário, até acertarmos tudo”, explicou o comandante Fábio Kohler Harkot. “Nós gostamos muito da Semana de Vela, porque é um evento para o qual nós podemos fazer todas as adaptações no barco, fazer boas velejadas e reunir a equipe.”
A tripulação do Aquarius é toda formada pelo Grêmio de Vela e Remo da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante, a EFOMM, no Rio de Janeiro. No time também está Ingrid Berbert, primeira comodoro feminina do Grêmio de Vela. “Tem sido uma experiência um pouco difícil, às vezes, mas muito boa, tanto para a minha formação como para incentivar outras mulheres a conquistar posições mais altas”, contou Ingrid.
Premiação das regatas de percurso
A noite de quarta-feira (17) também foi de celebração para os velejadores. No palco do Race Village, os primeiros colocados nas regatas de percurso realizadas entre domingo e segunda-feira receberam como prêmio o troféu com o modelo do barco Madrugada, ícone da vela brasileira e também presente na disputa na categoria Clássicos. O próprio Madrugada, sob o comando de Niels Rump, foi premiado duas vezes, como fita azul e vencedor da segunda regata.
Já o Pajero de Eduardo Souza Ramos, disputando a competição na classe ORC, foi o fita azul da primeira regata. “Estou muito feliz de estar aqui e ter sido fita azul da regata Ilha de Toque-Toque por Boreste. Foi uma prova relativamente difícil, com algumas mudanças grandes de vento ao contornar a ilha, mas um dia lindo, maravilhoso, e o resultado está aqui. Ser fita azul é muito gostoso”, comemorou Eduardo Souza Ramos.
A bordo do Caballo Loco, que lidera a classe C30, Mauro Dottori prevê muita emoção e disputas acirradas para os próximos dias, com a realização das regatas barla-sota, disputadas entre boias. “O que nós vimos aqui na premiação já é um adianto do que vai acontecer no nosso grand finale no sábado. Acho que vai ter coisa muito melhor para vir. Muito vento, muita disputa, as regatas vão realmente pegar fogo. Tivemos poucas provas até agora, mas vai ser muita emoção até sábado, e tenho certeza que vai ser muito legal quando vocês descobrirem quem de nós subirá ao palco”, pontuou Mauro, comandante do Caballo Loco e diretor de vela do Yacht Club de Ilhabela. |