por Isabel Scisci

O Jalapão fica no meio do Brasil, possui uma área de 34.000 km2 ainda pouco povoada e é um dos principais destinos do Ecoturismo. Ele encanta pelas impressionantes formações rochosas, fervedouros onde é impossível afundar, dunas que chegam a quarenta metros de altura, riachos de águas potáveis e cachoeiras cristalinas.

Jalapao 1Escolhi viajar pela Korubo Safari Camp porque é a única agência que possui um acampamento permanente e mais perto dos atrativos. O roteiro começou por Ponte Alta, cidade a 190 quilômetros de Palmas. O primeiro trecho da viagem é bem tranqüilo, com estrada asfaltada. Depois do almoço seguimos com um caminhão transformado em ônibus para poder transitar melhor pelas estradas de terra. Ele tinha um disputado lugarzinho vip na parte de cima, onde passei boa parte do tempo, empolgada com aquela imensidão de natureza virgem e inexplorada. As estradas são de difícil acesso e rodávamos dezenas de quilômetros sem ver ninguém… Mas tudo tão emocionante que me segurava para não chorar…

A primeira parada foi no Cânion de Sussuapara. Nos seus paredões de rocha arenítica com mais de dez metros de altura, samambaias e musgos formam uma cortina verde e a água desce constantemente. Bem lá no fundo uma pequena cascata de água geladinha ajuda a refrescar.

Depois seguimos para o acampamento, em pouco mais de duas horas de viagem. O lugar é bem rústico e com uma linda prainha à beira do Rio Novo! As barracas são charmosas e arejadas, com camas confortáveis e banheiro. Só os chuveiros ficam num amplo espaço coletivo. Um sino anunciou o jantar e pude conferir a deliciosa comida caseira e o artesanato de capim dourado, principal fonte de renda da população. Depois de dez horas sacolejando naquelas estradas de terra, dormi um sono profundo e reparador.

Jalapao 4No segundo dia pela manhã fizemos canoagem pelo Rio Novo. O passeio é agradável, divertido e seguro… Mas… A minha canoa virou e ficou presa numa árvore! A sorte é que o guia estava perto e pôde me ajudar… Depois do almoço e de um descanso no redário, seguimos para as dunas, o cartão postal do Jalapão! Depois de um bom trecho do caminho com paisagens áridas surge a Serra do Espírito Santo, que vai ficando cada vez mais majestosa até se chegar numa vereda cheia de buritis.

As dunas são formadas pela erosão de uma das faces da Serra do Espírito Santo e estão em constante transformação, com areias sendo trazidas eternamente pelo vento. O lugar já foi o fundo de um oceano. Lá do alto se avista uma paisagem com areias de uma tonalidade surreal, do alaranjado ao dourado. Misturadas com o azul dos rios e com o verde da vegetação rasteira, aquela paisagem me fez sentir em absoluta sintonia com a natureza e me deu vontade de ficar em silêncio e meditar.

No dia seguinte conheci o famoso fervedouro, onde a pressão da água que brota num solo de areia finíssima, não deixa você mergulhar. Esse fenômeno é chamado de ressurgência. A sensação é difícil de descrever. Imagine você borboleteando dentro de uma nuvem… Ou como se estivesse pisando numa areia movediça… Ou flutuando no espaço sideral sem gravidade… Uma experiência incrível! Um verdadeiro oásis de águas cristalinas, cercado por exóticas bananeiras…

Jalapao 5A cachoeira do Formiga é de um azul-esverdeado belíssimo. Ela está cercada pela vegetação, que alivia o intenso calor, e possui um poço de aproximadamente dois metros de profundidade. A água é tão transparente que, mesmo na parte mais funda, dá para se ver a areia branca e fina. Ela tem esse nome por causa do rio Formiga.

O percurso de caminhão para se chegar até a Serra do Espírito Santo, no Parque Estadual do Jalapão, levou uma hora. E para subir, mais uns quarenta minutos, por uma trilha bastante íngreme e nada fácil. Uma vez no topo, mais uma trilha de quinze minutos até o mirante. Mas, ao me deparar com aquela visão extraordinária para o cerrado, as veredas e as dunas, senti que valeu todo o esforço!

Na última noite no acampamento houve uma fogueira de despedida. Alguns contaram histórias do Tocantins e suas lendas, uns tocaram violão e outros cantaram… O nosso grupo era muito especial e o atendimento da Korubo foi maravilhoso do início ao fim… O guia prestativo e sempre disposto a dar informações sobre a região e resolver qualquer problema.

Acordei de madrugada para ir ao Mirante do Safari Camp curtir o nascer do sol. Depois seguimos para a Cachoeira da Velha, a maior da região. Ela recebe as águas do Rio Novo, o maior rio de água potável do mundo. O volume de água é tão impressionante que é chamada por alguns de “Mini Foz do Iguaçu”. Uma passarela suspensa leva até bem perto da queda d’água.

Jalapao 7Bem pertinho de lá, a Praia do Rio Novo tem uma longa faixa de areia branquinha, água morna e transparente e muita sombra para relaxar. Ela já até apareceu no cinema, como cenário do filme “Deus é brasileiro”… Passamos bons momentos até seguirmos para almoçar.

O percurso até Ponte alta levou duas horas. Fui sentada no meu lugarzinho vip, relembrando as emoções da viagem… Vi cenários alucinantes e o mais lindo nascer do sol… Tomei café da manhã com frutas colhidas do pé e banho num rio potável… Fotografei a lua e as estrelas… Olhando aquela encantadora paisagem passando devagarzinho, com o vento batendo no rosto, pensei que o Jalapão era um dos lugares mais espetaculares que já conheci. Era tudo tão infinitamente bonito…

E me veio de novo àquela vontade de chorar.

 

Korubo Safari Camp

Telefone (11) 4063-1502 ou celular (11) 9822-5028