“Todos os argumentos que provam a superioridade humana não eliminam este fato: No sofrimento os animais são semelhantes a nós.” Peter Singer – Filósofo e professor de bioética na Universidade de Princeton, autor de Libertação Animal (1975) Questões relativas às emoções dos animais sempre geram debates, pois nosso relacionamento com os animais pode ser diferente a depender do contexto. Muitas pessoas podem demonstrar um grande amor pelos seus animais de estimação e ao mesmo tempo ser indiferentes ao sofrimento de outros animais que são vítimas das ações humanas. Já está mais que comprovado que os “animais não humanos” têm emoções e sentimentos. Eles sentem dor, alegria, tristeza, medo, prazer, empatia, tédio, ansiedade. São seres sencientes. (*). *Senciência animal – Um animal é um ser senciente porque tem a capacidade de sentir – sensações e sentimentos. A senciência é a capacidade que um ser tem de sentir conscientemente algo, ou seja, de ter percepções conscientes do que lhe acontece e do que o rodeia. Os animais em cativeiro sofrem de tortura psicológica e estresse. Vivem confinados, sem relações sociais entre membros da mesma espécie. A situação deles piora em circos e parques aquáticos, onde podem sofrer castigos como parte do seu treinamento. Muitos deles começam a ter reações anormais como agressividade, automutilação, matam suas crias, andam em círculos. O abuso aos animais também existe em laboratórios de pesquisa e nas fazendas de criação. Hoje em dia, ainda por lei, os animais são considerados objetos e os humanos sujeitos de direito. (na língua inglesa, o pronome que os denomina é “it” (isto, isso), não são “she” (ela) nem “he” (ele), fato que se constata ainda nos textos acadêmicos. Essa nova maneira de ver e perceber o sofrimento dos animais vem se intensificando nesta última década. Vários zoológicos do mundo fecharam por valores éticos. Seus animais foram enviados a santuários ecológicos e alguns deles puderam ser reabilitados e voltar para a natureza. Os parques temáticos com golfinhos e outros animais marinhos não estão sendo vistos com bons olhos. Recentemente foi lançado o filme chamado “Blackfish”, um documentário que faz uma crítica ao parque Sea Word, na Flórida. Aqui no Brasil, a Prefeitura do Rio de Janeiro recentemente paralisou a obra do aquário alegando que a vida marinha não pode ser confinada para o resto da vida num aquário. Mas, ainda no nosso dia-a-dia é comum encontrar casas que mantém animais silvestres em cativeiro e que são tratados como pets. São aves, na grande maioria, nativas e exóticas, mas também existem vários registros de cativeiro de jabutis, répteis e alguns mamíferos, como macacos. A compra de um animal destes representa um compromisso com a vida dele, que pode se estender por até 70 anos. Quem não conhece alguém que tem um papagaio ou uma arara em casa? São aves muito ativas e inteligentes, que voam de 20 km a 50 km por dia em busca de alimento e dormitório, vivem em grupos e sentem necessidade de relação social. Em casa, dentro de uma gaiola, ficam privadas de voar, além de ficarem sozinhas a maior parte do tempo. Afinal, até onde chega o nosso respeito pelos animais? Quais destas atitudes condenamos ou aceitamos? Sem extremismos: não precisamos humanizar demais nossos animais de estimação nem desconsiderar os demais animais silvestres. Precisamos sim, fazer escolhas mais éticas e ficar mais atentos ao bem-estar animal. Observar e questionar nossas atitudes quando encontramos um animal silvestre em cativeiro, quando vamos a um zoológico, quando comemos carne sem conhecer o frigorífico e até mesmo quando compramos um cosmético.