Registros de avistagem de cetáceos no entorno do arquipélago surpreendeu a equipe do Projeto Baleia à Vista, que há vários anos se dedica ao acompanhamento da visita desses animais à nossa região.

Surgido da parceria entre Julio Cardoso, fotógrafo e cidadão cientista, e Arlaine Francisco, fotógrafa e bióloga, o Projeto Baleia à Vista vive em 2020, um ano com números excepcionais de avistagens. Com a colaboração de parceiros voluntários, pescadores, navegadores e amantes da natureza, a equipe acumulou até o mês de outubro 109 registros de baleias (indivíduos) e 50 registros de grupos de golfinhos. Dentre as baleias, foram 23 registros de baleia-tropical (Balaenoptera brydei), 83 registros de jubarte (Megaptera novaeangliae), três registros de baleia-minke (Balaenoptera acutorostrata).

“Além dos cetáceos, tivemos o registros de dezenas de raias-manta (Mobula birostris) e de um bom número de tubarões-baleia (Rhincodon typus)”, contam Julio e Arlaine. “Também encontramos centenas de pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), espécie que migra para águas mais quentes durante o inverno austral. Infelizmente, as redes de espera sem a supervisão adequada viraram armadilhas para muitos, que acabaram mortos”, completam.

Sobre os motivos desse aumento expressivo, eles explicam que, de maneira geral, o maior número de registros está relacionado ao maior número  de pessoas observando o mar. “Em relação às jubartes, temos observado um crescimento gradual da população, consequentemente elas estão reocupando áreas que não utilizavam há muitos anos. O aumento do número de encalhes também decorre disso”.

Eles também observaram que as espécies filtradoras, raias-manta e tubarões-baleia, se concentraram na área oceânica da Ilha em virtude da alta concentração de fitoplâncton que ocorreu na região em meados de maio, se estendendo até julho. Com a concentração de recursos alimentares, essas espécies se agregaram à região. “Excetuando as jubartes, ainda não temos dados sólidos para justificar uma tendência de crescimento de populações”.

Outra diferença em relação aos anos anteriores é que as jubartes permaneceram aqui por mais tempo. Esse ano, a primeira jubarte da temporada foi registrada no final de abril e houve registro de um trio, mãe, filhote e acompanhante, no dia 02 de outubro. Elas chegaram antes do esperado e permaneceram mais tempo que o observado, geralmente até início de setembro.  A hipótese é que algumas jubartes, provavelmente jovens em primeira migração, tenham permanecido na área ao invés de nadarem até Bahia.

Ainda de acordo com eles, o grande destaque de 2020 é a incrível variedade de espécies registrada.