Criada em 1977, a unidade de conservação que protege mais de 80% do arquipélago acaba de completar 40 anos. Para comemorar, uma programação organizada em parceria com a prefeitura e com a sociedade civil teve rodas de conversa, educação ambiental, trilhas, plantio de mudas nativas, exposição fotográfica e uma cerimônia especial no Paço Municipal

No último dia 20 de janeiro, o Parque Estadual de Ilhabela completou 40 anos e a comemoração desta data tão importante para a preservação do arquipélago contou com uma programação especial, promovida por meio de uma parceria entre a Prefeitura de Ilhabela, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Fundação Florestal, com o apoio do Conselho do Parque Estadual de Ilhabela, Instituto Ilhabela Sustentável, Viva Floresta, Associação Comercial de Ilhabela, Ilhabela Convention Bureau, Associação Protetora dos Animais de Ilhabela e Área de Soltura Cambaquara.

A primeira atividade aconteceu no dia 18 de janeiro, na Praia Grande, com uma Roda de Conversa sobre a “Importância dos Ilhotes de Ilhabela para a preservação da fauna marinha”, onde ocorreu uma ação de educação ambiental sobre a relevância da preservação do ilhote localizado entre as Praias Grande e Julião, evitando o acesso de moradores e visitantes ao local para que o ambiente volte a ser utilizado pelas aves marinhas que ali habitavam, como é o caso do “Trinta-réis”, conhecido como o maior dos pescadores marinhos.

No dia 19, convidados da Melhor Idade do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS visitaram a sede do Parque Estadual, onde também aconteceu a exposição “Xô Gaiola”, sobre Fauna Ameaçada, e na manhã do dia 20 ocorreu a reabertura da Trilha que liga o Parque Municipal das Cachoeiras ao Parque Estadual.

 

Cerimônia marca o início de uma importante parceria entre o Parque, a Prefeitura e a sociedade

Na tarde do dia 20, uma Cerimônia organizada no Paço Municipal reuniu cidadãos, representantes do poder público e de organizações da sociedade civil para comemorar o aniversário e homenagear figuras importantes para a manutenção e preservação do Parque ao longo destes 40 anos.

A solenidade marca o início de uma nova fase para a gestão da unidade de conservação, que passa a ter a oportunidade de trabalhar em parceria com o poder público municipal e com a sociedade civil organizada, articulando, organizando e promovendo ações que possam estimular a comunidade a conhecer e preservar seu patrimônio natural.

O encontro foi aberto por Mauro Oliveira, Secretário Municipal de Meio Ambiente, que destacou a importância da parceria entre o Parque e a prefeitura, iniciada logo nos primeiros dias da atual gestão. Em seguida, Joana Fava Alves, gestora do Parque Estadual, falou sobre a natureza extraordinária encontrada por aqui e sobre a responsabilidade de protegê-la e perpetuá-la para a humanidade.

Carlos Zacchi Neto, da Fundação Florestal, abordou o desafio de gerir um município que tem mais de 80% de seu território protegido e a enorme responsabilidade de preservar um patrimônio que é de todos.

Ressaltando o privilégio de morar na região que abriga uma das maiores florestas de Mata Atlântica do Estado, o prefeito Márcio Tenório lembrou que já caminhava pelas trilhas de Ilhabela antes da criação do Parque e parabenizou todos àqueles que se dedicam e colaboram com a sua preservação. Ele afirmou ainda que seu governo está pautado pelo diálogo e pelo estabelecimento de parcerias, e reforçou seu compromisso com uma gestão participativa, com o apoio de instituições e da sociedade civil, para o desenvolvimento sustentável de Ilhabela.

O cerimonial terminou com homenagens a João Geraldo Campos de Oliveira e Sillas Marques de Santana, funcionários do Parque Estadual, e ao médico veterinário, Dr. Dênis Prado Amorosino, lembrados pelos relevantes serviços que prestaram ao Parque.

Na sequência, o evento recebeu convidados especiais como Mário Mantovani, da Fundação SOS Mata Atlântica, que em um discurso emocionado afirmou que Ilhabela tem tudo para se transformar em exemplo de sustentabilidade e que o Plano Municipal de Mata Atlântica desenvolvido aqui é uma referência nacional, que deve se tornar modelo para outros municípios brasileiros.

Para encerrar o evento, Sérgio Pompeia, da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, entregou ao Parque Estadual de Ilhabela o certificado de Posto Avançado da Reserva da Biosfera, título concedido a locais considerados centros de divulgação de ideias, conceitos, programas e projetos voltados à conservação da Mata Atlântica.

A programação contou ainda com exposições fotográficas de Mário Barila e Guilherme Andrade, Exposição Xô Gaiola na Guarita da Estrada Parque de Castelhanos, Roda de Conversa sobre a “Importância dos Ilhotes de Ilhabela para a preservação da fauna marinha” na Praia do Julião e um projeto de reflorestamento da trilha do Baepi, com o plantio de mudas nativas da Mata Atlântica, por meio de uma Parceria entre a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, o Viveiro Municipal, a Ilhabela.org e o viveiro Viva Floresta.

 

Refúgio da Natureza

O Parque Estadual Ilhabela foi criado em 1977, pelo Governo do Estado de São Paulo. Ao longo desses 40 anos, ele vem preservando a Mata Atlântica em sua forma insular, incluindo a fauna, flora, recursos hídricos e beleza cênica, além do patrimônio histórico-cultural do arquipélago.

Esta Unidade de Conservação de Proteção Integral abriga 12 Ilhas, três ilhotes, três lajes e um parcel. Neste ambiente, já foram registradas mais de 320 espécies de aves, 41 anfíbios, 51 mamíferos, 44 repteis e 14 peixes de água doce. A ilha também é ponto de parada para diversas espécies marinhas e migratórias, que vêm dos mais distantes locais do globo terrestre.

 

Presente para o Parque!

Plantio de mudas nativas dá início ao projeto que pretende recuperar a Mata Atlântica no sopé do Pico do Baepi

Outra grande conquista alcançada pelo Parque durante as comemorações do seu aniversário também veio da união de esforços entre a sociedade civil e o poder público, que deram juntos o primeiro passo para a recomposição da floresta original que, no passado, cobria a base do Pico do Baepi, um dos maiores cartões postais do arquipélago.

A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Parque Estadual de Ilhabela, Fundação Florestal, Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Viveiro Municipal de Mudas Aroeira, Prefeitura Municipal de Ilhabela, Projeto Água Vida do fotógrafo Mário Barila, Instituto Ilhabela Sustentável, ilhabela.org e Viva Floresta.

Na manhã do dia 4 de fevereiro dezenas de voluntários subiram a trilha que corta o sapezal e colocaram as mãos na terra para plantar 80 mudas de árvores nativas da Mata Atlântica. Para a primeira fase, foram selecionadas apenas espécies pioneiras, de crescimento rápido e que produzem frutos atrativos para a fauna, como Embaúba Vermelha, Embaúba Branca, Espinheiro de Maricá, Quina de São Paulo, Mutambo, Mulungú do Litoral, Aroeira, Aia, Canela e Guapuruvú.

Para garantir a sobrevivência das mudas, o Viva Floresta organizou um grupo de voluntários, formado por moradores e frequentadores assíduos da Ilha, que se reveza diariamente subindo a montanha, de manhã e à tarde, para regar, controlar insetos e acompanhar o crescimento das árvores. O trabalho conta com a supervisão técnica do engenheiro florestal Humberto Machado, do PEIb, e o apoio da equipe do Viveiro Aroeira da prefeitura, liderada pelo técnico Danilo Araújo Pereira.

Em um ano, após o crescimento das espécies pioneiras, serão plantadas mais 40 mudas de árvores secundárias e clímax, que se desenvolvem sob a sombra da floresta. Esta primeira etapa do projeto vai cobrir um lote de 600 metros quadrados, dando início ao enorme desafio de reflorestar a área de 15 hectares coberta pelo sapezal.

Queimadas – uma das principais ameaças à recuperação do sopé do Baepi é o fogo, que por diversas vezes e todos os anos se alastra pelo local. Para combater as queimadas, o Viva Floresta buscou o apoio de entidades como a Associação Barreiros, que atende crianças e adolescentes das escolas públicas da região. “Vamos desenvolver trabalhos de educação ambiental utilizando as queimadas do passado e o plantio já feito como referências. Também há líderes dessa comunidade que já foram envolvidos no plantio e cuidado com as mudas”, explica Gisela Testa, responsável pelo viveiro.

“Na outra ponta temos como voluntário o Major Danilo Godoy, que por anos atuou no Corpo de Bombeiros no litoral norte, e que vai trazer apoio da corporação para criação de uma brigada de combate a incêndios. Mas a barreira final é o aceiro, uma área roçada de cerca de 5 metros de largura em volta do primeiro plantio, que funciona como nosso seguro contra um desastre. Teremos de manter o sapezal permanentemente roçado nessa faixa, o que vai dar um trabalhão e consumir muitos recursos”, completa.

Projeto nasceu há quinze anos – para Ricardo Anderáos, ambientalista e fundador da Ilhabela.org, a recuperação desta área é um sonho antigo. “Lutamos desde 2002 com a burocracia para conseguir iniciar esse processo. Isso só aconteceu agora depois de uma série de estudos técnicos e jurídicos feitos pela ONG ilhabela.org, pelo viveiro Viva Floresta e pela Fundação Florestal, após a aprovação do Plano de Manejo do PEIb, e graças ao apoio decisivo da diretora do parque, Joana Fava, e do secretário Municipal do Meio Ambiente, Mauro Oliveira”.

Ele explica que o maior gargalo agora é conseguir os recursos financeiros necessários, pois para fazer um grande plantio em toda a área e de uma única vez, a estimativa de gastos é de cerca de R$ 2,5 milhões. “Como isso é impossível no momento, optamos por começar com pequenas áreas ou lotes, apoiados em trabalho voluntário e doações de amigos e conhecidos, além do suporte logístico de alguns funcionários da Prefeitura e do Parque”.

A ideia é chamar atenção sobre o projeto e, quem sabe, levantar somas menores para ir recuperando partes do sapezal paulatinamente, e inclusive utilizando diferentes técnicas, da nucleação à agrofloresta. “Mas vamos atrás de grandes fundos públicos e privados também, quem sabe não conseguimos os recursos para fazer tudo muito mais rápido? Queremos transformar e recuperação da Mata Atlântica no sopé do pico do Baepi em uma bandeira de todos que moram e frequentam nossa Ilha”, ressalta Anderáos.

Você também pode participar!

Quer fazer parte desta história e ajudar a recuperar a mata? Você pode se inscrever no grupo de voluntários, acessando no Facebook o grupo “Viva Baepi: Voluntários pela Floresta” ou contribuir com doações para a manutenção e compra de mudas. Empresas ou instituições interessadas em financiar o projeto também são bem-vindas! Para saber mais, acesse: www.vivafloresta.org.br

 

Projeto Água Vida transforma as belezas de Ilhabela em mudas da Mata Atlântica – promovida pelo fotógrafo Mário Barila, em parceria com outros profissionais, a exposição Água Vida mostra um pouco das maravilhosas águas de Ilhabela, seus rios, mares e cachoeiras. A renda obtida com a venda das fotos é usada para comprar e plantar árvores especiais em lugares especiais. Até agora, foram doadas 500 mudas de árvores para a cidade de Mariana, MG, uma forma de fazer um carinho no local do pior desastre ecológico já ocorrido no País. No ano passado, as comunidades do Bonete e de Castelhanos receberam 300 mudas cada, a maioria de árvores frutíferas, nativas da Mata Atlântica. Por meio da parceria com o Viva Floresta, a trilha do Baepi também recebeu mudas de árvores do projeto, num esforço para reflorestar essa enorme área desmatada na época da cana-de-açúcar e que nunca conseguiu se recuperar sozinha.