Paraíso brasileiro dos esportes náuticos à vela, Ilhabela é famosa por revelar talentos e servir de raia de treino para campeões das mais diversas modalidades de esportes aquáticos. E com o kitesurf não foi diferente!

 

 

 

Apesar de ser um esporte relativamente novo, que teve seus primeiros passos no Brasil por volta de 1996, o kite evolui em uma velocidade impressionante, conquistando adeptos ao redor do mundo. Só no Brasil são mais de 3 mil praticantes, entre os quais estão atletas profissionais que vivem exclusivamente do esporte.

 

 

 

E para se ter uma idéia de qual o papel de Ilhabela no crescimento do esporte, três dos cinco atletas da Seleção Brasileira de Kitesurf são daqui, tiveram o primeiro contato com o kite nas águas de Ilhabela e, entre uma viagem e outra, passam pela cidade para matar as saudades da família e, é claro, treinar!

 

 

 

Em um desses intervalos entre uma viagem e outra, conversamos com Guilly Brandão (atual Campeão Mundial da categoria Wave, Tetracampeão Brasileiro de Free Style e Bicampeão Brasileiro da Wave), Boca Bueno (2º lugar no ranking brasileiro de 2006), e Bruna Kajya (vice-campeã mundial e campeã brasileira).

 

 

 

Os três atletas fazem parte da Seleção Brasileira OI de Kitesurf, a primeira equipe brasileira permanente de um esporte radical, e disputarão no próximo ano todas as etapas do Campeonato Brasileiro e mais três etapas do Circuito Mundial.

 

 

 

 

 

Como foi o início no kite?

 

 

 

Boca – Como a maioria da galera que faz kite, eu comecei surfando. Pegava onda em Guaecá, que é mais perto da ilha, mas mesmo assim a distância dificultava um pouco. Meu primeiro contato com o kite foi na Praia do Perequê, vendo o pessoal velejar. Depois de um tempo, incentivado pelo Guilly e pela Bruna, resolvi experimentar e nunca mais parei.

 

 

 

Bruna – Eu estudava no Colégio São João, e da janela da minha classe eu via as pipas e achava o máximo. Saía do colégio e nem almoçava, ia direto para a praia pra ficar olhando a galera do kite. Um dia o Miller me convidou pra subir nas costas dele e me levou pra dar uma volta. Me apaixonei e nesse dia decidi que queria velejar de kite.

 

 

 

Guilly – O meu começo foi um pouco diferente. Quando terminei o colégio, fui passar uma temporada na Austrália, investindo no surf. Dois anos depois voltei para o Brasil, e como não tinha conseguido nenhum resultado expressivo, não sabia exatamente o que eu ia fazer. Quando cheguei na ilha, vi o kite e também por influência do Miller comecei a velejar.

 

 

 

 

 

E a transformação do hobby em profissão?

 

 

 

Boca – Eu saía da escola todos os dias e ia velejar. Comecei a me interessar cada vez mais. Quando saí do colégio não sabia se ia pra faculdade ou ia passar um tempo fora, e aí resolvi investir no kite. Em 2004 consegui meu primeiro apoio e fui competir a última etapa do Brasileiro. Fiquei em 7º. Em 2005 corri três etapas do Brasileiro e aí já sabia que meu foco para o ano seguinte seria o kite. Em 2006 consegui patrocínio e fui para o Nordeste treinar. Corri todas as etapas do campeonato e fiquei em 2º, garantindo uma vaga na seleção brasileira.

 

 

 

Bruna – Quando terminei o colegial, fui para Maui. Foi lá onde me especializei e defini o meu estilo. Quando voltei, competi uma etapa do Brasileiro e fiquei em 3º. Em 2005, com o apoio dos meus pais, fui disputar o Mundial e terminei em 3º lugar. A partir daí consegui patrocínio, e foi uma fase de mudanças, porque tive que aprender a lidar com a cobrança de resultados. Terminei o ano de 2006 com 3 vitórias e estou muito feliz por ter conquistado uma vaga na seleção.

 

 

 

 

Guilly – Comecei no kite em 2002, e em 2003 já consegui apoio e correr o Campeonato Brasileiro. Minha meta era conhecer o campeonato e desempenhar um bom papel, para investir no ano seguinte. Para minha surpresa, na somatória dos pontos fui campeão. A partir daí consegui patrocínios melhores e fui com tudo para o Brasileiro. Em 2004 e 2005 fui campeão invicto. Também participei da etapa brasileira do Mundial em 2004 e fui vice-campeão do Sul-Americano. Em 2005 foi criada a Seleção Brasileira OI de Kite, e corri três etapas do Mundial. Em 2006 fui Campeão Mundial na categoria Wave, Tetracampeão Brasileiro de Freestyle e Bicampeão Brasileiro na Wave.

 

 

 

 

 

Qual a influência de Ilhabela no desenvolvimento do esporte?

 

 

 

Boca – Ilhabela tem várias condições de vento e vários tipos de ondulação, o que favorece bastante a prática do kite. Mas o que faz mesmo a diferença por aqui é a união dos atletas, que treinam sempre juntos e incentivam uns aos outros.

 

 

 

Bruna – Meu primeiro contato com o kite aconteceu na ilha. Foi aqui que comecei a velejar e decidi me dedicar ao esporte. Moro aqui, e quando não estou viajando para os campeonatos, treino com os amigos na Ponta das Canas ou na Praia do Perequê.

 

 

 

Guilly – O principal fator de evolução da ilha no kite é a união dos atletas, que estão sempre um puxando e incentivando o outro. Mesmos nas viagens e nas competições, somos como uma família. E essa união eu não encontrei em nenhum outro lugar do mundo. Velejar em casa é um grande prazer, e sabemos que se houver qualquer problema, teremos sempre alguém por perto pra ajudar. Em Ilhabela, as condições de vento para o kite são boas, mas não são ideais. Na Ponta das Canas, por exemplo, o acesso ao mar é um pouco difícil e a infra-estrutura poderia ser melhorada para atrair mais praticantes. É aí que a união dos atletas faz a diferença, ajudando a superar esse tipo de dificuldade.

 

 

 

 

 

Planos para 2007

 

 

 

 

 

Boca – Vou competir pela Seleção Brasileira 3 etapas do Circuito Mundial e todas as etapas do Brasileiro. Em fevereiro, vou para o Chile correr o Sul-Americano.

 

 

 

Bruna – Quero aproveitar o máximo a oportunidade de defender a Seleção. Vou correr todas as etapas do Mundial, o Campeonato Brasileiro e o Sul-Americano.

 

 

 

Guilly – Pretendo mudar um pouco o meu foco, da free style (categoria de manobras) para a wave (nas ondas). Na semana que vem viajo para o Hawaii para me aperfeiçoar e me preparar para essa nova etapa. Por enquanto sei que vou correr algumas etapas do Mundial e o Circuito Brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

Para quem quer começar

 

 

 

“A evolução do kite é muito rápida, e em pouco tempo é possível aprender algumas manobras e começar a se divertir”, afirma Guilly. Segundo ele, a principal dica para quem quer começar no esporte é procurar uma escola. Em apenas oito aulas já é possível sair velejando, e a partir daí, é relaxar e aproveitar!

 

A partir de dezembro, Boca Bueno montará uma escola de kite, com cursos básicos e intermediários. Maiores informações pelo telefone: (12) 9137-9708.

 

A BL3 também oferece aulas e conta com infra-estrutura completa. Tel: (12) 3896-1034.

 

 

 

 

 

Patrocínio

 

Os atletas entrevistados fazem parte da Seleção Brasileira OI de Kitesurf, formada pelos 3 primeiros colocados do ranking masculino e as duas primeiras do ranking feminino, e tem os seguintes patrocínios:

 

 

 

Boca Bueno – Aton Sports / North Kiteboarding

 

 

 

Bruna Kajiya – Best Kiteboarding

 

 

 

Guilly Brandão – Mormaii – RRD – Evoke – Volkswagem