*Silvana Davino

 

É a vontade de ajudar, a disposição para doar parte do nosso próprio tempo fazendo bem ao próximo, independente da atividade que se escolha. Ser voluntário é acima de tudo um ato de amor, compaixão, empatia e solidariedade. Podemos encontrar algumas definições, como o da ONU: “Voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos.”

 

O trabalho voluntário no Brasil é regulamento pela Lei 9.608, de 1998, que estabelece como serviço voluntário as ações que tenham objetivos científicos, recreativos, culturais, cívicos, educacionais ou assistenciais. Segundo a última pesquisa em 2019, do IBGE, 7,2 milhões de pessoas fazem trabalho voluntário no Brasil, o que significa 4,4% da população acima dos 14 anos. Um aumento de 12% em relação à última pesquisa de 2016.

 

O trabalho voluntário não beneficia somente os indivíduos ou as organizações que recebem a ajuda, mas também, o próprio voluntário, que segundo pesquisas, melhora sua saúde e a sua qualidade de vida.  Trabalho voluntário envolve comprometimento e exige o cumprimento de algumas normas para o sucesso dos trabalhos.

 

A seguir, temos o relato da Sandra Tellefsen Pietzschke de como se tornou voluntária ajudando os animais em Ilhabela:

 

“Moro na Ilha há mais de 20 anos e sempre fui conectada aos assuntos relacionados ao meio ambiente, com especial atenção aos animais, sejam eles domésticos, silvestres ou marinhos. Iniciei meu voluntariado em 2014 na APAILHA (Associação Protetora dos Animais de Ilhabela), após ter adotado um cãozinho na Feirinha de Adoção no Perequê.

 

Desde essa adoção e com um estilo de vida mais caseiro, passei a acompanhar todas as publicações no Facebook da APAILHA, procurando ajudar a todos, transmitindo orientações sobre os cuidados necessários para com seus pets, promovendo a “Posse Responsável” no seu mais amplo sentido. Tornei-me então uma das administradoras do grupo na rede social e em junho de 2016 fui convidada a integrar a diretoria da entidade, onde continuo até hoje.

 

Neste mesmo ano, conheci através do Facebook, a ASM Cambaquara, que reabilita aves silvestres e passamos a interagir virtualmente. Quando fui convidada a conhecer pessoalmente, fiquei mais encantada e mesmo eu nunca tendo lidado com qualquer tipo de ave silvestre, aceitei o desafio de cuidar em casa dos filhotes de tiriba-da-testa-vermelha na época reprodutiva, que se estende durante a primavera e verão. Recebi todas as orientações sobre os cuidados e especialmente quanto ao tempo disponível necessário para que os filhotes se desenvolvam de forma adequada até estarem aptos para ir para os grandes viveiros da Cambaquara. Recebi a primeira ninhada em out/2016 e desde então tenho prosseguido nesta missão, que mesmo sendo trabalhosa, exigindo disponibilidade de tempo e dedicação integral, é extremamente gratificante ao se participar da soltura dessas criaturinhas, saindo em bandos para explorar a natureza.

 

De lá para cá, já passaram por minhas mãos mais de 50 filhotes. Não há dinheiro que pague essa sensação de poder ajudar num projeto que busca dignamente ajudar esses seres, muitas vezes ignorados e judiados pelos humanos.”

 

“O trabalho voluntário é uma fonte de força comunitária, superação, solidariedade e coesão social. Está entre os ativos mais importantes da sociedade.”

Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon

 

 

O trabalho do voluntário é na prática a sua dedicação a uma causa em que ele acredita e apoia. Qualquer pessoa pode ser voluntária em várias esferas da sociedade, no esporte, nas artes, na saúde, no meio ambiente, com os animais, defesa de direitos humanos, etc. Porém, não podemos nos esquecer da responsabilidade e do comprometimento quando aceitamos o desafio.

 

Assim como a Sandra, que doa parte do seu tempo com comprometimento, podemos inspirar outras pessoas, em ações que considere transformadoras, que façam diferença para você e para um mundo mais igualitário e melhor.

 

*Silvana Davino, bióloga responsável pela ASM Cambaquara.