O Brasil é um país com uma das maiores biodiversidades do planeta, sendo o terceiro do mundo em quantidade de espécies de aves. São 1.524 espécies residentes e 153 migratórias. O maior número de espécies da família Psittacidea, conhecidas como araras, papagaios, periquitos e maritacas, está no Brasil. Devido a esta fartura, nosso país ficou conhecido como “Terra dos Papagaios” pelos europeus durante muito tempo. São 84 espécies de psitacídeos, 13 delas classificadas como “vulneráveis” a “criticamente ameaçadas de extinção”.

Segundo a Birdlife Internacional (2000), a atual crise de extinção tem sido uma séria ameaça à diversidade biológica global e estima-se que 40% da família de aves de psitacídeos no mundo, correm risco de extinção ou estão próximas a essa condição.

Psitacídeos – Aves que pertencem à família Psittacidea. Normalmente são muito coloridas, possuem bico forte, grosso e recurvo que é capaz de quebrar sementes bem duras. A língua é grossa e sensível que permite detectar sabores e ajudar na manipulação dos alimentos. Por terem dois dedos para frente e dois para trás nas patas, eles são chamados de zigodáctilos. Essa característica é útil para se agarrarem e subirem nos troncos das árvores e para dar maior firmeza para se equilibrarem numa pata, enquanto leva o alimento à boca com a outra . São bons voadores e muito hábeis, graças à utilização que fazem dos pés e do bico. Sua dieta, na natureza, é bem variada, sendo compostos por frutos, sementes, brotos, flores e, eventualmente, insetos.

 

Foto: Guilherme Andrade

Mapa_Moleiro

O papagaio moleiro é o maior papagaio do Brasil. Pode medir até 40 cm de comprimento e pesar entre 550g a 700g. Sua plumagem é predominantemente verde, com algumas penas amarelas, azuis e vermelhas na cabeça e vermelhas no interior das asas. Sua cauda é longa de coloração verde clara nas pontas. A plumagem nas costas é coberta por um fino pó branco, parecendo farinha; o que deu origem ao seu nome científico: Amazona farinosa.

É encontrado apenas em florestas úmidas e tropicais da América central e do sul. No Brasil, habita a floresta amazônica e também a Mata Atlântica (vide mapa). Tem hábitos diurnos e vivem em bandos. Chegam a voar 20 quilômetros por dia em busca de alimentos. Dificilmente passam despercebidos, pois são extrovertidos, barulhentos e brincalhões. Adoram tomar banho de chuva.

A maturidade sexual gira em torno de 4 a 5 anos e durante a época reprodutiva os casais se separam do grupo. Constroem ninhos em ocos de árvores e palmeiras ou em buracos em paredões rochosos. É uma espécie monogâmica e o casal permanece unido por toda a vida. A expectativa de vida gira em torno de 70 anos. Os filhotes acompanham os pais por um ano.

O papagaio moleiro não é uma espécie globalmente ameaçada, mas no estado de São Paulo ele é classificado como “criticamente ameaçado de extinção”, o que coloca Ilhabela em um patamar de destaque, pois ainda avistamos muitos deles por aqui.

Muito pouco se conhece desta espécie. Apesar das poucas pesquisas na área, o interesse tem aumentado nos últimos anos. Em Ilhabela, em 2012 foi realizado um censo pela ONG Cebio com o “Projeto Papagaio Moleiro” com a participação de voluntários, que uma vez por mês, no mesmo dia, horário e local faziam a contagem dos papagaios. Foram levantados em torno de 200 a 250 indivíduos, na costa sul do município.

A Área de Soltura Monitorada Cambaquara, junto aos parceiros e profissionais voluntários, atuam desde 2013 na reabilitação, soltura e monitoramento desta espécie em Ilhabela.

Para a liberação da construção do contorno norte/sul da nova Tamoios em Caraguatatuba e São Sebastião, a DERSA foi obrigada a realizar um monitoramento do papagaio moleiro, devido a seu status de extinção.

Até o final deste ano, ornitólogos experientes realizarão monitoramento de ninhos de vida livre em Ilhabela, o que trará mais subsídios para a conservação desta espécie, aparentemente tão comum no arquipélago.

Agora que você conhece um pouco mais sobre o gigante do Brasil, ajude a preservá-lo na natureza:

  • Não retire filhotes dos ninhos;
  • Se você encontrar um deles abandonado ou acidentado, telefone para a Polícia Ambiental (12 3862-0811) que eles vão retirá-lo no local;
  • Não compre no mercado informal, pois dessa forma você incentiva a caça e o tráfico;
  • Por ser uma espécie classificada como “criticamente ameaçada de extinção” ele nunca poderá viver em cativeiro ilegal, e se denunciado a multa é de R$ 5.000,00;
  • Caso você conheça alguém que tenha um indivíduo em casa, aconselhe-o a fazer a entrega voluntária aos funcionários do Parque Estadual de Ilhabela ou à Polícia Ambiental, que por esta boa iniciativa não sofrerá nenhuma penalidade e o papagaio terá a chance de voltar à natureza e cumprir seu papel biológico.