por Isabel Scisci
Pirenópolis é uma cidade histórica, tombada como patrimônio, repleta de casarões e igrejas em estilo colonial, cercada de muito verde, morros, matas, cerrados, cachoeiras e com um povo pacato e hospitaleiro. A sua origem remonta às descobertas de metais preciosos no século XVIII e o seu nome vem das montanhas que lembram os Pirineus.
A charmosa Pirenópolis, ou simplesmente Piri, fica no Centro- Oeste brasileiro, a cerca de 130 km de Goiânia, e é perfeita para quem quer descansar e ver a vida passar em ritmo desacelerado. Ou para quem queira se aventurar por dezenas de cachoeiras… E também para quem goste de praticar esportes mais radicais como rapel, trekking e tirolesa!
A extração do quartzito, matéria prima para a pedra de Pirenópolis, representa uma das principais fontes econômicas do município. Em escala menor, a exploração de calcários, argila e areia. A produção artesanal utiliza a madeira, cerâmica, tecido e a prata introduzida pelos hippies. Nos últimos anos o turismo vem ganhando importância e gerando empregos e renda.
O Centro Histórico é um verdadeiro museu ao ar livre. Andar por suas ruas com calçamento de pé de moleque é contemplar uma cidade do século XVIII quase intacta. A Igreja Matriz foi construída por escravos em 1727 e é dedicada à padroeira da cidade, Nossa Senhora do Rosário. Ela passou por uma restauração após sofrer um incêndio em 2002, que destruiu quase todo o seu interior. Reinaugurada em 2006, é um dos principais símbolos de Pirenópolis. A Igreja de Nosso Senhor do Bonfim foi construída entre 1750 e 1754 e conta com uma imagem de Jesus Cristo crucificado em talha de madeira e em tamanho natural, trazida da Bahia.
O Cine Teatro Pireneus fica na simpática Rua Direita. Foi construído em 1929 em estilo neoclássico, mas em 1936 foi reformado e sua fachada foi alterada para o estilo Art Déco. Hoje funciona como espaço teatral, de cinema e galeria de arte. No final dessa rua está localizado o Primeiro Hotel Boutique de Goiás, o Casarão Villa do Império, que une conforto e requinte e é todo decorado com móveis coloniais.
Os melhores bares e restaurantes se concentram ao longo da Rua do Rosário, conhecida como a Rua do Lazer. Ela é repleta de mesas ao ar livre, onde se pode curtir música ao vivo e degustar cervejas com rótulos artesanais e bons vinhos produzidos na região.
A antiga Casa da Câmara e Cadeia atualmente abriga o Museu do Divino, que resgata imagens e objetos da Festa do divino, uma das manifestações folclóricas mais bonitas do Brasil. Ela acontece cinqüenta dias após a Páscoa e comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos (Pentecostes). A celebração inclui missas, novenas rezadas em latim, folias, reinados, congadas, desfile de bandas de música, queima de fogos e procissões no final da madrugada. A Cavalhada, uma encenação em que cavaleiros revivem lutas medievais entre mouros e cristãos, marca o ponto alto dos festejos. É nesse contexto que aparece o Curocuco, representando o escravo alforriado que queria entrar na folia. Eles vestem máscaras de boi e roupas coloridas.
A Reserva Abade fica a 17 km do centro histórico, na estrada dos Pireneus e o caminho é uma subida só. Até parecia que estava indo para o céu… Lá existem duas trilhas, uma leve e fácil, que leva direto à Cachoeira do Abade. E outra mais completa, que tem 2.400 metros de caminhada. Optei pela segunda, claro… O circuito passa por vários mirantes e pela famigerada Ponte Pênsil, que está sobre um enorme abismo e balança muito ao se atravessar. Quando vislumbrei a ponte lá longe, quase desisti da trilha mais longa… Mas resolvi continuar. Passei por várias atrações até que começou a chover… A sorte é que deu tempo de atravessar a tal ponte em segurança e depois ainda me deliciar embaixo das águas cristalinas da Cachoeira!
A Fazenda Bonsucesso fica a 5 km do centro de Piri. Foi construída por escravos e era usada como rota para escoar os metais preciosos. Possui seis cachoeiras e dá para se fazer as trilhas a pé ou a cavalo. O caminho até a última tem 1.500 metros e é bem rústico, tortuoso e íngreme. Na primeira Cachoeira, a do Açude, eu pude me sentar numa pedra e receber uma bela massagem de suas águas geladas! Encontrei com um bando de macaquinhos, que não quiseram as bananas que ofereci para eles… Para chegar até a última, a da Lagoa Azul, enfrentei uma longa escadaria de 118 degraus (sim, eu contei!). Ela tem um poço amplo de sete metros de profundidade e muitas pedras. Só então me sentei para descansar, beber bastante água e comer as bananas desprezadas pelos macacos.
O Santuário de Vida Silvestre Vagafogo é a primeira reserva privada criada em Goiás, e tem como objetivo promover a educação ambiental, o ecoturismo e a produção sustentável de alimentos. O passeio inclui uma trilha com árvores centenárias da mata ciliar e espécies do cerrado, algumas atividades de aventura e um brunch com as delícias produzidas lá mesmo… Pães, geléias, compotas, doces, iogurtes e queijos… Vale muito à pena!
A culinária local tem influência indígena, da Bahia e Minas Gerais, iguarias marcadas pela presença do pequi, e também galinhadas, pamonhas, biscoitos… Até os mais variados sabores da gastronomia internacional, como os oferecidos no restaurante Martinez. A chef Marisol Martinez sabe como ninguém misturar os clássicos da cozinha com uma pitada contemporânea. Experimentei o filé mignon com risoto de cogumelos e, de sobremesa, um brigadeiro com castanhas… Foi uma ótima maneira de me despedir da encantadora cidadezinha de Piri…
Onde ficar:
Casarão Villa do Império – Rua Direita, 79 – Tel. (62) 3331-2662
Onde comer:
Martinez Restaurante Contemporâneo – Av. Pref. Luis |Gonzaga, 63 – Tel (62) 3331-3856
O Santuário de Vida Silvestre Vagafogo – Rua Frota, S/N – Tel. (62) 3335-8515