*Silvana Davino
Esse passarinho é tão abundante no Brasil, que é difícil de acreditar que ele não seja nativo do nosso país. Segundo o ornitólogo Helmut Sick, em 1906 foram trazidos pelos portugueses 200 indivíduos para o Rio de Janeiro com a intenção de ajudar Oswaldo Cruz na luta contra insetos transmissores de doenças.
O pardal tem sua origem no Oriente Médio e se dispersou pela Europa e Ásia, chegando à América por volta de 1850. Está presente em todos os continentes menos na Antártica. É uma ave cosmopolita. Essa espécie tem a maior distribuição geográfica no mundo, devido a sua fácil adaptação aos diferentes ambientes. O nome científico é Passer domesticus. Este pequeno pássaro possui 12 subespécies distribuídas ao redor do mundo.
Os pardais quando adultos medem cerca de 15 cm. O macho apresenta duas plumagens: uma mais intensa na primavera e outra no outono mais discreta. A fêmea tem uma cor mais acinzentada e mais pálida. O feminino de pardal é pardaloca, pardaleia ou pardoca.
Vivem nas áreas rurais e urbanas, mas a cidade é seu habitat preferido. Nas praças arborizadas, se reúnem em bandos no final da tarde, fazendo algazarras até ao anoitecer. Alimentam-se de migalhas, restos de comida, arroz, sementes de capins, frutas e insetos, sendo que este último somente no período reprodutivo.
Entre fevereiro e maio fazem seus ninhos em árvores, edifícios, beirais de telhados, ocos nos muros, postes de iluminação. Também podem utilizar ninhos de outras aves. Os materiais utilizados para construí-los são: vegetação seca, penas, cordas, papel, plásticos, ou qualquer coisa que encontrar… até bitucas de cigarro.
Os predadores naturais dos pardais são os falcões, gaviões, tucanos, corujas e cobras. Nas cidades temos os predadores urbanos, como os gatos e cachorros que também se alimentam de seus ovos e filhotes.
O pardal, sem dúvida é o pássaro mais conhecido nas casas brasileiras, seja ciscando o chão, empoleirando nas varandas ou nas árvores frutíferas. De um tempo para cá, muitas pessoas têm notado uma diminuição desta espécie nas cidades. Existem vários fatores que têm contribuído para isso. A verticalização, onde os pardais não alcançam o topo do edifício, a redução de oferta de alimento com a diminuição de terrenos baldios, a redução de áreas verdes e impermeabilização do solo são alguns exemplos do declínio dos pardais em áreas urbanas.
Apesar de eles construírem seus ninhos e se reproduzirem com facilidade e rapidez, eles são extremamente frágeis, portanto, pode ser que daqui algum tempo, essa ave tão comum, urbana e sem valor, desapareça de nossas casas e das cidades.
*Silvana Davino, bióloga, trabalha na Área de Soltura Monitorada Cambaquara, em Ilhabela.