*Silvana Davino – ASM Cambaquara

Quando encontramos um passarinho caído do ninho, um teiú atacado por cachorro, um saruê atropelado com filhotes ou mesmo uma apreensão de um papagaio em cativeiro irregular… Afinal, para onde vão esses bichos?

Após serem resgatados por órgãos competentes, esses animais são encaminhados para um Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) mais próximo da sua cidade. Neste local, é feita a recepção do animal, onde médicos veterinários e biólogos irão avaliar a condição com suporte laboratorial e fazer a marcação dele. Após essa avaliação, alguns serão liberados para soltura imediata no local onde foram resgatados. Os que necessitam se recuperar vão para um Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS). Neste local, serão assistidos para sua plena recuperação. Quando aptos, serão encaminhados para Áreas de Solturas Monitoradas (ASM), onde finalmente, irão retornar à natureza. Os animais que não são mais aptos para sobreviver em condições naturais serão encaminhados para zoológicos, criadouros comerciais, criadouros científicos ou mantenedores de fauna silvestre, onde passarão a viver em cativeiro.

As áreas de soltura monitorada cumprem um papel muito importante para a conservação das espécies. Elas recebem animais silvestres reabilitados que retornarão para a natureza, desde que a espécie em questão tenha ocorrência no local da soltura.

Desde 2012 o IBAMA passou a gestão de fauna para os estados. A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, através do Departamento de Fauna (DeFau) é responsável pela gestão da fauna silvestre em âmbito estadual.

Lamentavelmente, há muito pouco incentivo por parte do governo na preservação da fauna no Brasil. A realidade hoje do Litoral Norte, Serra da Mantiqueira e Vale do Paraíba não é diferente.

O Litoral Norte não conta com nenhum CETAS e CRAS. Qualquer animal silvestre resgatado ou apreendido é encaminhado para o CRAS da UNIVAP em São José dos Campos ou o CETAS do IBAMA da cidade de Lorena. Todos com superlotação de animais por falta de locais para destinação. A única Área de Soltura no Litoral Norte é a ASM Cambaquara, em Ilhabela, que por sua vez, junto com a clínica do Dr. Denis Amorosino realiza todo esse trabalho de recepção, reabilitação, soltura e monitora aves resgatadas dentro do município. É todo um trabalho voluntário que envolve profissionais da área, dedicação de tempo e recursos financeiros próprios.

A sociedade civil também pode participar da gestão da fauna silvestre, não adquirindo animais silvestres de comércio ilícito, cobrando dos órgãos públicos ações nos cuidados com animais silvestres, como por exemplo, a instalação de CETAS ou CRAS no seu município, sendo voluntário dos grupos de educação ambiental em prol da causa, fazendo doações às instituições protetoras e até mantendo em suas propriedades particulares áreas de soltura.

*Silvana Davino é membro do GT Animais Silvestres de Ilhabela e é responsável pela Área de Soltura Monitorada de Cambaquara, local de recebimento, adaptação e soltura de quatro espécies nativas da Ilha (Papagaio-moleiro, Tiriba, Tucano-do-bico-verde e Periquito-rico) | silvana.m.davino@gmail.com