- Fotos: Marcio Pannunzio
Evento organizado pelo Fórum Popular de Cultura de Ilhabela reuniu mais de 100 pessoas, com a proposta de articular uma rede ativa e engajada para o debate das políticas culturais
Um marco para o setor cultural da cidade. Assim foi definido pelos organizadores o 1º Encontro de Cultura de Ilhabela , realizado nos dias 13 e 14 de abril, no Espaço Cultural Pés no Chão. O evento reuniu mais de cem artistas das mais diversas áreas para debater as políticas públicas culturais no município e criar uma agenda propositiva de demandas.
O evento foi realizado de forma independente, horizontal e colaborativa pelo Fórum Popular de Cultura de Ilhabela, movimento que reúne artistas e integrantes das mais diversas manifestações culturais na cidade, e contou com o apoio da Prefeitura Municipal. “A participação surpreendeu. É fácil juntar artistas para um concerto ou uma exposição, mas na hora de debater política e lei, todo mundo quer distância”,afirma a artista Dyulie Ben Bolon, integrante do Fórum Popular de Cultura. “Dessa vez, conseguimos juntar um grupo grande e engajado e chegar a um documento final com propostas concretas para cada setor das artes”.
Reformulação do Conselho – uma das principais pautas do Encontro foi a reformulação da lei do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Ilhabela (Compci), atualmente em curso. A lei foi revista por um grupo de trabalho misto, formado por representantes da Secretaria Municipal de Cultura, atuais membros do Conselho e integrantes da sociedade civil, e já passou por análise do departamento Jurídico da Prefeitura.
A principal reivindicação do Fórum Popular de Cultura de Ilhabela, que participou ativamente das discussões, era alterar o mecanismo de composição das cadeiras. “Da forma que está hoje, o Compci não tem representatividade, pois é formado quase que exclusivamente por pessoas que não são da área cultura ”, explica Débora Bergamini, do Fórum Popular de Cultura. “Nesta nova versão, estamos propondo que as cadeiras possam ser ocupadas por pessoas físicas do setor cultural, eleitas a cada dois anos, e não necessariamente por organizações sociais formalmente organizadas”.
Outro tema prioritário levado ao debate é a criação de um Fundo Municipal de Cultura, gerido pelo Conselho. Ele receberia um aporte direto do poder público municipal (3% do orçamento da Secretaria Municipal de Cultura) e seria gerido por meio de editais e chamadas públicas de projetos.“Esta é uma bandeira antiga, que já está prevista em lei, mas nunca foi colocada em prática”, afirmou o secretário de Cultura, Professor Beto. “Esperamos que este ano ela possa finalmente sair do papel junto com o novo Compci”.
Demandas dos artistas – Após debates com convidados durante a manhã de sábado, os presentes no 1º Encontro de Cultura de Ilhabela foram divididos em sete grupos, de acordo com a área de atuação para realizarem debates setoriais, reconhecendo desafios e propostas de cada área. Entre as demandas do setor artístico estão a criação de uma agenda mensal que divulgue adequadamente todos os eventos existentes na Ilha; melhor aproveitamento dos espaços públicos voltados para a cultura, de forma a dar espaço para receber a grande diversidade de artistas existentes na cidade; maior transparência nas contratações de projetos culturais e shows; a regulamentação da profissão de artesão e a criação de um Museu Histórico Municipal.
O Fórum Popular de Cultura de Ilhabela também apresentou um vídeo manifesto, ressaltando a importância de valorizar os artistas e a cultura local. Assim que os debates setoriais terminaram, foi realizado um sarau, reunindo diferentes formas de expressões artísticas, em um momento de descontração.