o caiçara que deu nome à Praia do Julião
Benedicto Julião dos Santos nasceu na prainha do sul (hoje Praia do Julião) em 1863, tendo falecido em 1956, aos 93 anos. Por volta de 1850, seu pai Julião Baptista Viana Gusmão, filho de imigrante português, então morador da praia do Viana, mudou-se para a prainha do Sul ao se casar com Ana Leite San’tanna, da Praia Grande. Tiveram 4 filhos: Euzébio, Antonio, Benedicto e Maria.
Euzebio, Maria e Antonio, seus irmãos, formaram suas famílias fora da prainha. Só Benedicto ficou, tendo construído sua própria casa em 1897 para se casar com Sebastiana Furtado, de São Pedro, Ilhabela, com quem teve 10 filhos. Por ser filho e morador da prainha do sul, onde construiu seu engenho de aguardente “Leite e Irmãos” e também por ter se tornado proprietário dos terrenos (270m) “do salgado até as vertentes”, a praia era chamada pela população ilhabelense de prainha do Julião, denominação esta que acabou se tornando definitiva.
Desde jovem Benedicto revelou–se um empreendedor de sucesso. Fazia viagens com canoas de voga levando produtos de Ilhabela para comercialização em Santos. Logo adquiriu suas próprias canoas (Santa Clara, Paciência, São Manoel, Capricho) e teve seu primeiro engenho de aguardente de cana no bairro do Bexiga, ainda em fins do século XIX, onde produzia a cachaça “Leite Junior e Julião dos Santos”, em sociedade com Benedicto Leite, para quem vendeu sua parte em 1920.
Em 1915, em seu próprio engenho construído na prainha do sul, passou a produzir a cachaça “Leite e Irmãos”, que era considerada uma das melhores de Ilhabela, junto com “Favorita”, “Morrão Caiçara”, “Fazenda Cocaia”, “Ilhabela”, “Caiçara” e “Bexiguinha”, para citar algumas delas. A cachaça de Ilhabela, por si só tinha grande prestigio no mercado, sem limite de fronteiras do litoral norte de São Paulo e do próprio estado paulista. O engenho “Leite e Irmãos” produziu continuamente até fins dos anos 70, ou seja, por mais de 60 anos. Nos últimos 30 anos de operação, Jayme Leite Julião, filho de Benedicto, também morador da prainha, foi o responsável pela fabricação da cachaça.
Até fins da década de 40 do século XX o movimento de canoas de grande porte (“de voga”) na prainha era constante, tanto para compra de cachaça, geralmente em pipas (de 100 e 200 L), como para carga e descarga de produtos comercializados na costa litorânea entre Angra dos Reis e Santos.
Benedicto Julião foi vereador durante o período de 1898 a 1927. Foi também presidente da Câmara, e nesta condição exerceu interinamente o cargo de prefeito entre 1910 e 1914. Por sua iniciativa foram implantadas a Colônia de Pesca da Praia Grande e as escolas rurais da Praia Grande, do Bexiga e do Veloso, passos importantes para o progresso da comunidade local.
