*Dr. Rodrigo Cavalcante

 

A estação mais fria do ano, caracterizada pelo clima seco e pela baixa umidade do ar, deixa as pessoas ainda mais suscetíveis aos fatores que desencadeiam as doenças oculares do inverno. Isso acontece porque durante esse período, além da maior concentração de poluentes no ar, os nossos olhos perdem um pouco da sua lubrificação natural, devido à evaporação da camada aquosa da lágrima. Por isso, nessa época é fundamental ficar atento a saúde ocular.

 

Dentre os principais problemas oculares que se intensificam no inverno, estão as alergias, conjuntivites e a síndrome do olho seco.

 

Alergias Oculares – São reações alérgicas (respostas exageradas do organismo a uma determinada substância, chamada de alérgeno) que acometem os olhos ou as estruturas próximas a ele, como as pálpebras. Na maioria dos casos, as alergias oculares são causadas por poeira, fumaça, ácaros, etc. Entre os sintomas mais comuns estão: olhos vermelhos, coceira, lacrimejamento, ardência, fotofobia e irritação. Qualquer pessoa pode desenvolver alergia ocular, porém é mais frequente em pessoas portadoras de rinite alérgica, asma ou alergias de pele. O tratamento da alergia ocular é bastante simples, basta afastar a substância que produziu a reação alérgica. Depois é essencial que procure um alergista e um oftalmologista.

 

Conjuntivite – Comum no inverno, quando as pessoas permanecem mais tempo em ambientes fechados, trata-se de uma inflamação na conjuntiva (branco dos olhos) e pode se manifestar de três formas: alérgicas, virais e bacterianas; sendo as primeiras mais frequentes. Causada devido à exposição a um alérgeno, a conjuntivite alérgica não é contagiosa e em geral acomete os dois olhos. Entre os sintomas estão: pálpebras inchadas, coceira intensa, lacrimejamento e vermelhidão. Já a viral, causada por vírus, é altamente contagiosa, adquirida pelo contato com outra pessoa. Na maioria dos casos, o causador da doença é o adenovírus, mesmo vírus da gripe comum, portanto, em geral, o paciente com conjuntivite pode estar gripado ou com a imunidade baixa. Sensação de areia, corpo estranho nos olhos e forte lacrimejamento são alguns de seus sintomas. O tratamento depende do diagnóstico, mas em geral é feito com soros fisiológicos; em casos virais ou bacterianos, o tratamento é feito com colírios apropriados.

 

Síndrome do Olho Seco – Relacionada à exposição a determinadas condições do meio ambiente como poluição, poeira, ar seco, baixa umidade do ar e lugares com aparelhos de ar-condicionado, a Síndrome do Olho Seco é uma doença ocular crônica caracterizada pela diminuição da produção da lágrima ou deficiência de alguns de seus componentes, ou seja, pouca quantidade ou má qualidade da lágrima. Estima-se que, no Brasil, cerca de 18 milhões de pessoas sofram com a doença; entre os sintomas estão ardor, irritação, sensação de areia nos olhos, dificuldade para ficar em lugares com ar-condicionado ou em frente ao computador, olhos embaçados ao final do dia, coceira, vermelhidão, lacrimejamento excessivo e sensibilidade à luz. As medidas de tratamento da doença incluem uso de lubrificantes, sob prescrição médica; ingestão de antioxidantes como óleo de linhaça e preservação da lágrima, por meio de higiene ocular.

 

Não descuide da sua saúde ocular. Siga as recomendações e previna-se contra os principais problemas oculares no inverno:

  • Antes da chegada do inverno, faça a lavagem e a secagem ao sol de mantas, cobertores e blusas de lã guardadas por muito tempo.
  • Evite o acúmulo de poeira em casa e ambientes climatizados. Durma em local arejado e umedecido.
  • Lave com frequência o rosto e as mãos, principalmente antes e depois do uso de colírios ou pomadas, uma vez que estes são meios importantes para transmissão de microorganismos.
  • Não compartilhe toalhas de rosto, esponjas, rímel, delineadores ou qualquer outro produto de beleza.
  • Evite objetos que acumulem poeira, como: cortina, carpete, tapete, bicho de pelúcia, documentos antigos, livros etc.
  • Evite exposição a agentes irritantes como fumaça e/ou alérgenos como pólen, poeira, pelo de animais e cloro de piscina.
  • Mantenha o filtro do ar-condicionado sempre limpo.
  • Quando estiver com conjuntivite, não utilize lentes de contato e não coce os olhos, para evitar irritações.

 

*Dr. Rodrigo Cavalcante é medico formado pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), especializado em Oftalmologia pela Associação de Beneficência do Guarujá – Hospital Santo Amaro. Responsável pelo setor de Oftalmologia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de Ilhabela desde 2011. Atende na Clinica Aquarela – (12) 3895.7181.