*Isabel Scisci

 

O litoral sul paraibano possui praias com areias claras e mar verde-azulado, incrementadas pela Mata Atlântica, estuários e restingas. Fiquei hospedada na Estalagem Aldeia dos Ventos. Lá mora o Lorel, um papagaio que adora Pavarotti e canta Ó Sole Mio, com um forte sotaque italiano!

 

O destaque da Praia do Amor é uma pedra com um buraco em forma de coração. Na Carapibus as piscinas naturais com água bem morninha… Na Barra de Gramame o rio se encontra com o mar. A Bela tem Mata nativa preservada e coqueiros emoldurando a paisagem. No Bar Muciço pude degustar saborosas lagostinhas. Caminhei pela do Coqueirinho até as enormes falésias e almocei um delicioso camarão no Canyon de Coqueirinho, com direito à vista para o mar. Tambaba é a primeira praia naturista do nordeste. Fiz uma trilha com a super guia Rosana Diniz até a pedra do Cachorro, que demarcava a área de nudistas. Depois de mergulhar e experimentar uma sensação de liberdade incrível, em verdadeira conexão com a natureza, ainda me deleitei com as delícias do restaurante A Arca de Bilu…

 

No Território Macuxi um índio mantém as tradições de seus ancestrais. Participei de um verdadeiro Spa Espiritual, com um banho de lama branca e um longo papo no rio com o índio-psicólogo Julíndio. Sai de lá com muita fome e fui almoçar no restaurante Púkaro uma autêntica comida paraibana – a Carne Arretada… Eita tempero bão! Para terminar os dias lindamente, nada como um belo capeletti ao molho de tomates frescos no Mangaba Bistrô. Ou um impecável jantar no restaurante Tulipas, elaborado pelo chef holandês Siese.

Nas minhas viagens gosto de vivenciar cada experiência o mais intensamente possível, mergulhando nos costumes e na cultura do lugar. O livro “Paraíba – 35 Dias De Vivências e Experiências”, lançado pelo Sebrae – vai de encontro com essa proposta. Eu me inspirei nas suas sugestões para realizar meu roteiro, estendendo-o para as regiões do Brejo, Campina Grande e Cariri.

 

Em Areia, o guia Adnan me levou para conhecer o Museu da Rapadura, que ainda conserva móveis e ferramentas para tirar o sumo da cana. Fizemos uma trilha pela Mata do Pau Ferro e almoçamos no restaurante Vó Maria deliciosos quitutes regionais. Seguimos para o Engenho Triunfo onde aprendi sobre a fabricação da famosa cachaça, que chega a vender mais de 250 mil garrafas por mês. Ainda deu tempo para caminhar pelo centro da cidade, visitar o Ateliê Meninas de Areia e o Teatro Minerva, o primeiro da Paraíba, ainda bem preservado. Fiquei hospedada na Pousada Boutique Villa Real, onde funcionou um antigo seminário.

 

O primeiro lugar que o guia Rivaildo me levou em Alagoa Grande foi no quilombo mais antigo do Brasil. Andei muito por lá ouvindo as histórias da população para conseguirem sobreviver. Seguimos para o Ateliê do Naldo, que capricha na confecção de bonecos de estopa. No teatro fui recepcionada pelo Grupo que faz uma Caminhada Literária pelas ruas da cidade e pude assistir um pedacinho do que é a performance… Um trabalho emocionante! Ainda aprendi a tocar pandeiro com o Isaías, que faz uma homenagem ao Jakson do pandeiro, nascido na cidade.

 

Logo que cheguei em Bananeiras almocei no Estação Bananeiras, que fica numa antiga estação de trem. O lugar é acolhedor e cheio de luz. Comi um peixe saborosíssimo e de sobremesa a famosa Peteca. Esse doce lembra o bolinho de chuva que minha mãe fazia. E com sorvete de rapadura fica uma delícia… Eu me hospedei no Hotel Serra Golfe, um antigo casarão que pertenceu a uma tradicional família. Acordava com as galinhas e com o sino da igreja.

Muita gente me pergunta se não é chato viajar sozinha. Sempre respondo que nessas viagens é que mais conheço pessoas. Fui jantar no Terraço Lisboa e recebida pela própria chef Neide Lisboa. Ela me convidou para sentar com seus convidados, que comemoravam o aniversário de seu casamento. Estava uma linda noite, com o terraço rodeado de flores e uma super vista. O jantar foi caprichadíssimo, com direito a uma deliciosa sobremesa e muita conversa… Alguém poderia achar que foi chato?

 

Em Guarabira fui guiada pelo Márcio Andrade. Tudo começou com uma visita ao ateliê de Adriano Dias. Uma profusão de cor, lirismo e originalidade. De lá seguimos para o ateliê de Elias dos Santos, que consegue integrar figuras populares aos estilos Cubista e Surrealista. No Casarão da Cultura fui recepcionada com o som de um violino e conduzida para conversar com os jovens músicos que tocam com a alma, como eles mesmos se definiram. Fazem parte de um belíssimo trabalho de integração social e são o exemplo de que a Arte é transformadora! Depois comi a famosa galinha de capoeira no Sítio Sabor Camponês, simples e gostosa. Na Typographia Pontes aprendi sobre o processo de impressão do Cordel. O Zeno Zanardi é artista plástico e trabalha com cinema, o que rendeu um bom papo no seu ateliê. E, por fim, visitei a estátua de São Damião… Fiquei encantada com tanto xamego… Esse é o verdadeiro povo paraibano, visse?

 

Em Campina Grande tomei um café da manhã no Sítio Santo Izidro à sombra de uma jaqueira. O Seu Zé de Deinha me conduziu em uma charrete para conhecer o delicado trabalho do grupo de bordadeiras. Almocei no restaurante Mororó uma deliciosa tilápia e fui aprender com a Corrinha dos Bonecos a confeccionar os famosos mamulengos. No Museu de Arte Popular ouvi os talentosos Wil e Condor, emboladores de coco, mestres do improviso. E segui para participar do ensaio de uma das mais famosas quadrilhas, a Arraial em Paris. Tudo isso graças ao incansável Virgulima que, travestido de Lampião, apresenta a cidade e encanta os turistas.

 

O Lajedo do Pai Mateus foi além de minhas expectativas. Ele se compõe de espetaculares e exóticas formações rochosas, que chegam a pesar 45 toneladas. Elas se formaram ao longo de milhões de anos, por causa de fissuras naturais e grandes variações de temperatura. São dezenas de blocos de pedras que serviram para que os índios deixassem suas marcas. Pai Mateus era um ermitão que vivia numa delas e realizava curas em troca de comida. O Pôr do sol deixa tudo com um tom dourado. A energia é indescritível. Eu me senti em outro planeta!

Segui por uma trilha de arbustos típicos da Caatinga até me surpreender com um Monumento, que recebeu o nome de Sacas de Lã, por lembrar pacotes de algodão empilhados. Foram necessários milhares de anos para que uma única pedra rachasse em blocos em forma de paralelepípedos. A erosão ainda moldou as pontas em forma de pirâmide. Tem gente que prefere acreditar que foi obra de extraterrestres.

 

Eu me hospedei no Hotel Fazenda Pai Mateus, que conserva aquele jeitão simples das antigas casas rurais. Adorava sentir o cheirinho de mato e seguir uma cabritinha que passeava vagarosamente pelos jardins e dava um toque inusitado ao lugar.

 

No Cariri a paisagem muda. O clima fica mais seco, com longos períodos de estiagem. Em Ribeira conheci a Arteza, uma cooperativa dos curtidores e artesãos em couro de boi e bode. Lá é possível acompanhar o passo a passo do processo de criação das peças. E o resultado dá pra conferir e comprar na loja, no mesmo local.

 

Em Cabaceiras, a famosa “Roliúde Nordestina”, caminhei pelas ruas que serviram de cenário para mais de trinta filmes. Visitei o Memorial Cinematográfico, onde estão expostas fotografias e material das filmagens. E conheci o Zé de Cila, o dublê do padre no Auto da Compadecida, que me fez provar o Xixi de cabrita, um licor que mistura leite de cabra, aguardente e baunilha.

 

Ainda deu tempo de ir para o Lajedo do Marinho ver o pôr do sol. Esse lugar é mágico! Fiquei com os olhos bem fechados, apenas sentindo o vento soprando no meu corpo e o silêncio que tomou conta de tudo. Depois, fui conhecer o trabalho das crocheteiras. Fiquei apaixonada pela colcha que elas mostram com muito orgulho. Cada uma teceu um pedacinho, que foram unidos no final.

 

Como foi bom mergulhar na Cultura paraibana… Bordados, labirintos, crochê, cerâmicas, roupas de algodão colorido, xilogravuras, tapioca, lagosta, caranguejo, carne de sol, cuscuz, macaxeira, feijão verde, queijo de coalho, cachaça… Uma variedade enorme de frutas tropicais… Cordel, quadrilhas, forró pé de serra, repentistas… Que fantástica é a Paraíba!

 

Onde ficar:

Estalagem Aldeia dos Ventos – Estrada Aldeia dos Ventos s/n, PB-008 km 30 – Praia de Tambaba – Tel. (83) 9985-0806

Pousada Boutique Villa Real – Rua Padre Cincinato, 36 – Tel. (83) 3362-1559

Hotel Serra Golfe – Rua C. Antonio Pessoa, 414 – Tel. (83) 3367-1103

Hotel Fazenda Pai Mateus – Zona Rural Cabaceiras – Tel.(83) 3356-1250

 

Mapa Gourmet:

Mangaba Bistrô – Rua Valdemiro Vieira, 2

Restaurante Púkaro – Rodovia PB008, 320

Restaurante Canyon de Coqueirinho – Fazenda Praia Encantada, s/n, tel. (83) 99301-1990

Restaurante Tulipas – PB-008 – tel. (83) 98660-1923

Bar Muciço – Pitimbu

Restaurante A Arca de Bilú – Unnamed Road

Restaurante Vó Maria – Rodovia Pb-079 – Areia – tel. (83) 99998-2597

Restaurante Estação Bananeiras – Rua Alcides Bezerra, 180 – Tel. (83) 99121- 1646

Terraço Lisboa – Rua Cônego Cristóvão, 430 – Tel. (83) 99820-2505

Restaurante Mororó – Rua Des. Arquimedes Souto Maior, 395 – Tel. (83) 3343- 0106

 

Passeios:

Território Macuxi – Julindio – (83) 99692-1993

Conde – Rosana Diniz – (83) 99972-2369

Areia – guia Adnan – (83) 9621-6354

Alagoa Grande – guia Rivaildo – (83) 99114-4230

Guarabira – guia Marcio Andrade – (83) 9836-7725

Campina Grande – Virgulima – (83) 98756-2685

 

* Isabel Scisci viajou a convite da PBTUR