Toda vez que colocamos este assunto nas conversas existe sempre uma resistência em aceitar a atividade de impacto como benéfica. A maioria das pessoas sempre ouviu a contraindicação por profissionais que as consideram prejudiciais, principalmente nos diagnósticos de osteoporose, problemas articulares nos joelhos, quadril.

 

Você sabia que esta é uma das atividades recomendadas na fase da infância e adolescência para que os ossos se tornem fortes e resistentes? Agora analise a seguinte informação: em média a cada dois anos uma pessoa adulta está (morfo)estruturalmente renovada. Nesta fase, mesmo havendo uma parada no crescimento em estatura as transformações (morfo)estruturais continuam acontecendo o que é fácil de comprovar, basta comparar a foto de qualquer pessoa adulta de 10 anos atrás.

 

Com o envelhecimento o processo de renovação vai se tornando menos eficiente. Os estudos no sentido de entender como isto acontece ainda são inconclusivos, porém, as pesquisas mostram que algumas variáveis podem desacelerar o processo do envelhecimento, tais como atividades físicas adequadas à biologia humana, nutrição balanceada, sono adequado e controle do stress.

 

Constituição (morfo)estrutural. A biologia a seu favor

 

Somos constituídos por trilhões de células que se organizam em diferentes tipos de tecidos: muscular, nervoso, epitelial (pele e mucosas) e conjuntivo (sangue, osso, tendões, ligamentos, adiposo, etc.). A renovação de cada célula nesses tecidos é dependente do regime de forças que geramos para nos movimentar, ou seja, se as movimentações que realizamos têm um nível de exigência baixo, como ficar sentado, deitado, realizando apenas as atividades básicas da vida diária, as células se renovam para atender esse nível de exigência e quando é necessário gerar mais força corre-se o risco da lesão.

 

Desta forma, a quantidade  e nível de impacto nas movimentações e deslocamentos na prática de atividades diárias se torna primordial para a formação e renovação de tecidos para torná-los muito mais resistentes e eficientes.

 

Tipos de exercício

 

Em geral, a prática de exercícios por pessoas que não são atletas apresenta na maior parte do tempo baixo nível de impacto. Portanto, é preciso acrescentar nos programas atividades com níveis de impacto adequado para garantir a manutenção da integridade, resistência e eficiência (morfo)estrutural dos tecidos. Vamos analisar as atividades que são mais praticadas atualmente.

 

Caminhada – Cada vez que fazemos contato com o chão temos que lidar com uma onda de impacto correspondente a uma vez o próprio peso. Numa pessoa de 80 kg, a onda de impacto gerada corresponde a 80 kg. Parece muito? Infelizmente tem pouco efeito para a formação de uma estrutura forte. Portanto, é preciso turbinar a caminhada indo para trilhas, areia, subidas, descidas, saltos, etc. Sempre pensando numa progressão adequada.

 

Corrida – Melhora bastante o efeito para a formação de uma estrutura forte, a velocidade aumenta o nível de impacto e pode trazer efeitos benéficos quando a pessoa está bem organizada em relação ao campo gravitacional do planeta e respeita suas possibilidades (morfo)estruturais e o tempo necessário para que a renovação celular a torne mais resistente. Dá para gerar e lidar com ondas de impacto em torno de duas a três vezes o próprio peso se atingir velocidade entre 08 a 12 km por hora. Variar o piso também ajuda muito. Areia, subidas e descidas, trilhas são boas opções.

 

Ciclismo – Depende do tipo. Estudos mostraram que ciclistas de estrada têm baixa densidade óssea. Viu?! Pouco impacto, ossos mais fracos. Ciclistas de trilhas e descidas de montanha com obstáculos são muito mais fortes. O problema é há pouca sustentação de peso nas pernas, pois, a pessoa se mantém apoiada no banco da bicicleta a maior parte do tempo.

 

Natação – Definitivamente a atividade menos adequada para a formação de tecidos resistentes e eficientes. A razão é que a água oferece sustentação de peso e este fato praticamente anula ondas de impacto. É preciso complementar o programa com exercícios de impacto fora da água.

 

Remo – Pouco impacto em razão de ser desenvolvido em canoas e caiaques, a pessoa fica sentada, situação similar ao ciclismo. Na remada em pé também há pouco impacto. Precisa ser completado com atividades de impacto fora da água.

 

Maneiras simples de gerar ondas de impacto saudáveis

 

  • Pular corda;

 

  • Saltos para cima e para baixo, neste último com bastante atenção na organização articular principalmente na aterrissagem. Sempre iniciando com uma progressão adequada. Atenção: a repetição excessiva de saltos pode tornar esta prática extremamente prejudicial;

 

  • Descer e subir lances de escadas. Comece descendo um degrau por vez devagar sustentando o tempo de frenagem. Quando ficar mais forte descer de dois em dois;

 

  • Combinar corrida com saltos e transposição de obstáculos saltando e aterrissando de diferentes formas.

 

Bons treinos e respeite seus limites durante a atividade!

 

José Augusto Menegatti e Carla Lee

*José Augusto Menegatti é Professor de educação física formado pela Universidade de São Paulo. Foi preparador físico da equipe de voleibol masculina do Esporte Clube Banespa e da Seleção Brasileira. Durante 40 anos de trabalho com o esporte desenvolveu técnicas com resultados rápidos e eficientes. Um destes trabalhos começou em 1989 quando iniciou seus estudos sobre o Rolfing. Possui um Núcleo de Estudos em Fluência Corporal em Ilhabela/SP, onde oferece grupos de estudos, aulas e sessões de Rolfing para pessoas interessadas. Para saber mais: contato@menegatti.com.br / (12) 3896-1135.