As belezas e atrativos turísticos de Ilhabela vão muito além da orla! Mais que um destino de sol e praia, o arquipélago guarda roteiros ainda pouco conhecidos, que fazem da região um dos destinos mais completos para a prática de ecoturismo do País. São centenas de quilômetros de trilhas, cachoeiras, piscinas naturais, vales e montanhas cercados pela riqueza e diversidade da exuberante Mata Atlântica.
Como boa parte destas trilhas está dentro do Parque Estadual, que protege quase 85% do território de Ilhabela, é possível conhecer áreas muito preservadas, com grande diversidade de espécies da fauna e da flora, algumas delas endêmicas, ou seja, só encontradas por aqui.
São árvores gigantescas e centenárias, como figueiras, sapopemas, jequitibás e guapuruvus, bromélias de vários tipos e tamanhos, flores, folhagens e arbustos, que abrigam caxinguelês, macacos, jaguatiricas, lagartos e mais de 320 espécies de aves, facilmente observadas durante a caminhada.
Para você conhecer o outro lado da Ilha e se encantar ainda mais com a exuberância de suas paisagens, selecionamos os principais roteiros estruturados para a prática de ecoturismo. Há opções para todos os gostos, desde passeios curtos e de fácil acesso que levam a cachoeiras e piscinas naturais até trilhas longas, de nível médio ou difícil, para praias isoladas ou locais de acesso restrito.
Escolha a sua e boa caminhada!
Cachoeira dos Três Tombos
É ideal para quem quer curtir um bom banho de cachoeira sem ter que enfrentar longas caminhadas, pois é possível estacionar o carro a poucos metros do acesso à trilha e em menos de cinco minutos alcançar a primeira queda. A visita é autoguiada e o caminho bem estruturado, com degraus, corrimãos, pontes de madeira, bancos para descanso e placas indicativas. A trilha inteira cerca de 350 metros de extensão e é percorrida em 15 minutos.
Recentemente, a Secretaria de Turismo inaugurou na entrada da trilha uma nova estrutura para receber os visitantes, com guarita e banheiros, além de manter a manutenção do trajeto, com a adequação e reparo de degraus e passarelas, a fim de garantir a segurança do público.
Na primeira parada, uma queda d’água com mais de 5 metros de altura cai sobre uma piscina natural formada por areia e pedras, ideal para banho. Graças à facilidade de acesso e estrutura local, é uma boa opção para famílias com crianças.
Alguns metros acima está a segunda queda, onde o acesso à água é mais difícil pois não há poço para banho e as pedras são escorregadias. Aproveite para contemplar a paisagem e apreciar as cores e texturas da mata antes de seguir para a última parada.
Poucos minutos de caminhada levam à terceira queda, que despenca de um paredão rochoso de mais de 20 metros de altura cercado pelo verde da mata, formando uma bela paisagem. Também não há poço para banho, mas dá para chegar às duchas formadas pela queda através das grandes pedras que cercam a cachoeira.
O acesso à trilha dos Três Tombos, também chamada de Pancada D’Água, fica dentro de um condomínio, mas como ela faz parte do Parque Estadual a entrada de visitantes deve ser permitida. O acesso para o condomínio fica na avenida que leva ao sul da ilha, um pouco antes da entrada da Praia da Feiticeira e há uma placa indicando: “Cachoeira dos Três Tombos”. Depois de passar pela portaria do condomínio, permaneça sempre à direita até chegar ao início da trilha.
Trilha da Água Branca
Com excelente estrutura para receber turistas e visitantes, a Trilha da Água Branca é uma espécie de vitrine da prática de ecoturismo em Ilhabela. Logo na entrada, há um centro de recepção, com guarita, posto de informações, banheiros e água potável. Partindo dali, o percurso é autoguiado, com placas indicativas para as quedas e piscinas naturais ao longo de todo o caminho.
A trilha, que tem quase quatro quilômetros de extensão e cinco quedas d’água, é um verdadeiro parque natural, com duchas e piscinas cercadas por árvores e plantas nativas. O primeiro poço está a apenas 100 metros da entrada e todo o caminho é sinalizado. Há placas que promovem a educação ambiental e dão informações sobre espécies nativas, além de escadas e corrimãos nas áreas desniveladas e bancos para descanso e contemplação.
A primeira parada é no Poço da Pedra, que tem uma grande piscina natural e uma pequena queda d’água. Em seguida, a 500 metros do início da trilha, está o Poço da Escada, com outra piscina e uma cachoeirinha formada por degraus que formam mesmo uma escadinha entre as pedras. O terceiro ponto é o Poço da Ducha, a pouco mais de 600 metros da entrada, com mais uma piscina para banho e duas quedas d’água que formam duchas naturais.
Continuando pela trilha, a 1.200 metros está o Poço do Jequitibá, de onde se avista um majestoso exemplar desta árvore, que está por ali há nada menos que quatro séculos! O último poço é o do Jabuti, a 1.500 metros, com mais uma piscina e uma bonita cascata. O circuito conta ainda com uma torre de observação de pássaros e toda a madeira utilizada na trilha (eucalipto tratado) é de origem certificada.
O acesso à Trilha da Água Branca fica no início da estrada que leva à Baía de Castelhanos, praia de difícil acesso mais visitada de Ilhabela, onde só é possível chegar de barco ou em veículos 4×4.
Circuito do Gato
Apesar de pouco explorado, o roteiro chamado de Circuito do Gato é uma oportunidade única de conhecer, em um único passeio, diversas faces de Ilhabela: uma enorme cachoeira, uma praia deserta, um mirante sobre uma pedra gigante e uma breve visita a uma comunidade tradicional mostram, em poucas horas, o enorme potencial de Ilhabela para a prática de turismo de natureza.
O circuito parte da Praia de Castelhanos, um dos destinos de turismo ecológico mais visitados de Ilhabela, bastante preservado graças a distância e a relativa dificuldade de acesso. Para chegar, é preciso cruzar o Parque Estadual de Ilhabela, em uma estrada de terra de 22 quilômetros que exige veículos com tração 4×4. Recentemente, a Secretaria de Turismo de Ilhabela instalou na chegada à Praia um centro de recepção de visitantes e um estacionamento, entregues à comunidade no final do setembro.
Cachoeira do Gato –Com uma queda d’água majestosa que despenca de um paredão de cerca de 50 metros de altura, está entre as maiores cachoeiras de Ilhabela, com piscinas para banho, duchas naturais e grandes pedras, que convidam o visitante a relaxar e contemplar a paisagem.
Praia do Gato – Cercada por pedras enormes e areias grossas, a pequena Praia do Gato tem uma paisagem singular e é uma das boas surpresas que Ilhabela reserva aos que se aventuram a caminhar por suas trilhas. Só é possível chegar a pé, já que muitas pedras submersas e o mar agitado impedem embarcações, mesmo que pequenas, de se aproximar da praia.
Pedra do Gato –Com aproximadamente 15 metros de altura, a Pedra do Gato pode ser escalada com facilidade e oferece um visual deslumbrante da praia e da Baía de Castelhanos.
Comunidade tradicional –Remanescentes das vilas de pescadores que se instalaram no arquipélago ao longo dos anos, as Comunidades Tradicionais de Ilhabela guardam com sua gente aspectos importantes da cultura e da história de Ilhabela. A visita à comunidade que vive na Praia do Gato é uma boa oportunidade de observar como vivem, nos dias atuais, os descendentes dos primeiros povos que habitaram a região.
Apenas a trilha para a Cachoeira do Gato é bem sinalizada. O percurso completo requer o auxílio de um guia.
Trilha do Bonete
A Praia do Bonete já foi eleita pelo jornal britânico The Guardian uma das dez mais bonitas do Brasil. Em 2018, foi classificada pela Revista Viagem e Turismo como a 10ª melhor praia do País. O lugar é mesmo paradisíaco, mas é importante lembrar que os encantos desta praia começam alguns quilômetros antes da deslumbrante faixa de areia, no início da trilha de 13 quilômetros que corta a floresta e atravessa três cachoeiras, antes de chegar ao maior refúgio caiçara de Ilhabela.
São quase quatro horas caminhando em meio a Mata Atlântica, em uma trilha que começa no extremo sul da Ilha, exatamente onde termina o asfalto! Depois de cruzar a porteira que delimita o início do Parque Estadual, alguns passos são suficientes para que os visitantes sejam envolvidos pela energia da mata. Embora a praia esteja há 13 quilômetros, o Bonete começa quando você põe os pés na trilha.
O trajeto é aberto e bem marcado, por isso, pode ser percorrido sem a ajuda de um guia. No entanto, requer disposição e bom preparo físico para encarar o sobe e desce.
Há três cachoeiras pelo caminho: Laje, Areado e Saquinho, uma a cada hora de caminhada, que proporcionam paradas estratégicas para apreciar a paisagem e recarregar as energias. No trecho final da trilha, ver a praia do Bonete do alto já compensa o esforço.
Em 2016, a trilha recebeu investimentos públicos em estrutura, com a instalação de passarelas sobre as cachoeiras do Areado e do Saquinho. Na Cachoeira da Laje, a passarela já havia sido instalada em 2012 e, com isso, o percurso ficou muito mais seguro, tanto para turistas quanto para moradores, que não precisam mais se arriscar atravessando as águas, que podem ser perigosas em dias de mau tempo.
A praia do Bonete tem pousadas e restaurantes que servem comida caseira e peixe fresco. A não ser que você seja um superatleta, não se arrisque a fazer o caminho de volta no mesmo dia. O ideal é passar ao menos uma noite no Bonete, curtir a praia e voltar pela trilha no dia seguinte.