O ciclismo, como meio de transporte, está se tornando cada vez mais acessível e recebendo mais atenção através de ciclovias, ciclo-faixas e temos visto até agentes policiais utilizando bicicletas. Com isso, outro seguimento que tem crescido no Brasil é o ciclo turismo, cada vez mais organizado, com mais opções de roteiros de viagens e diferentes níveis de dificuldade, que podem ser feitas por qualquer pessoa.

 

PRÓS

 

A utilização da bicicleta como meio de transporte é uma excelente opção, não é poluente, permite a pessoa se deslocar ativamente por distâncias mais longas em menos tempo. Nas viagens, permite a pessoa conhecer melhor as peculiaridades dos locais por onde passa.

 

Em relação à saúde traz benefícios, pois a pessoa mantém-se ativa e  é uma boa opção de atividade de longa duração que, como já abordado em matéria anterior da Revista, traz benefícios estruturais como o aumento da rede capilar e do número de mitocôndrias (estruturas celulares responsáveis por gerar energia), por exemplo. E quando estão atreladas a alguns cuidados e uma alimentação e sono adequados, são uma excelente combinação.

 

CONTRAS

 

Há porém que se ter em conta que o ciclismo é uma atividade repetitiva, cíclica e como tal precisa ser complementada com outros tipos de atividades, este é o cuidado mencionado acima. Vejamos alguns dos aspectos da movimentação cíclica na bicicleta que precisam de atenção:

 

– Os ângulos de amplitude articular nos tornozelos, joelhos e quadril não mudam;

 

– É praticamente impossível manter uma organização eficiente na coluna vertebral, ou seja, nas curvas naturais da coluna;

 

– A sustentação do peso da cabeça, do tronco e dos braços está em parte sendo realizada pelo banco da bicicleta, nunca pelas pernas, o que não colabora para manter os ossos da coluna, bacia e pernas com uma densidade ideal. Acreditem, muitos ciclistas de estrada e até mesmo de montanha apresentam osteopenia ou osteoporose. Isto é simples de entender, pois precisamos de certo nível de impacto e tensão para que consigamos renovar o esqueleto ósseo de maneira eficiente. Não basta apenas aumentar a ingestão de cálcio.

 

– Como o peso “descansa” sobre o selim numa pequena área sobre a região dos ísquios (ossos do “sentar”) ocorre uma pressão constante nessa região, provocando diminuição de fluxo sanguíneo e outros fluidos. Muitas pessoas chegam a perceber queimação nessa área depois de meia hora pedalando.

 

– Quando a pessoa não presta atenção, o apoio da mão quase sempre mantém o punho em flexão e pressiona a área do túnel do carpo, os ombros mantêm-se elevados e há um posicionamento da cabeça ineficiente, fechando a curvatura da cervical.

 

SUGESTÕES PARA EVITAR OS EFEITOS NEGATIVOS

 

Durante a pedalada desça várias vezes da bicicleta e faça algumas movimentações como o acocorar, agachar, sentar e levantar. Caminhe um trecho empurrando a bicicleta.  Varie o lado em que desce e sobe da bicicleta.

 

Ao terminar a pedalada, deite-se ao chão e procure identificar quais áreas apresentam maior pressão / rigidez, faça algumas movimentações lentas de rolar a bacia na direção dos pés e da cabeça mantendo as pernas flexionadas, em seguida deixe as duas pernas descerem devagar para um lado e depois para outro algumas vezes. Pare e perceba se as áreas que te chamaram atenção estão mais relaxadas, mais leves.

 

Agora você está pronto para suas outras atividades!

 

Bons treinos.

 

José Augusto Menegatti e Carla Lee

*José Augusto Menegatti é Professor de educação física formado pela Universidade de São Paulo. Foi preparador físico da equipe de voleibol masculina do Esporte Clube Banespa e da Seleção Brasileira. Durante 40 anos de trabalho com o esporte desenvolveu técnicas com resultados rápidos e eficientes. Um destes trabalhos começou em 1989 quando iniciou seus estudos sobre o Rolfing. Possui um Núcleo de Estudos em Fluência Corporal em Ilhabela/SP, onde oferece grupos de estudos, aulas e sessões de Rolfing para pessoas interessadas. Para saber mais: contato@menegatti.com.br / (12) 3896-1135.